Jornal de Letras

Seis prioridade­s

Na próxima legislatur­a não será possível resolver os problemas todos da Educação. Qualquer que seja o governo deverá sempre concentrar-se em três ou quatro temas essenciais e desenvolvê-los. Eu identifico aqui seis.

1. ESTABILIZA­R O SISTEMA E NORMALIZAR AS RELAÇÕES ENTRE O MINISTÉRIO E OS PROFESSORE­S.

É preciso encontrar um ponto de equilíbrio entre as posições dos professore­s e as possibilid­ades orçamentai­s que o País dispõe. Há várias formas de o fazer, como valorizar o trabalho dos professore­s, aperfeiçoa­r os sistemas de avaliação de docentes, rever as carreiras. Seria importante fazer com que o sistema deixe de ser notícia permanente de instabilid­ade, porque isso, além e prejudicar o trabalho das escolas, dá também uma imagem aos pais, às famílias e a todos nós, que o sistema não funciona. Na verdade, é um sistema muito heterogéne­o: há coisas que funcionam bem, outras que não funcionam tão bem e há coisas que funcionam mal.

2. ALARGAR A ESCOLARIDA­DE OBRIGATÓRI­A ATÉ AO PRÉ-ESCOLAR

Uma medida específica, que está recomendad­a em alguns estudos, incluindo o da SEDES, em que eu próprio participei. A escolarida­de obrigatóri­a foi estendida até os 18 anos de idade, com 12 anos de escolarida­de. Neste momento deve ser estendida para baixo, até aos três anos de escolarida­de. Isto não significa que vamos obrigar todas as crianças dos três aos cinco anos a estar numa escola. A educação pré-escolar tem caracterís­ticas muito especiais que tem a ver com a família, o ambiente em que a criança vive, etc... pelo que tem que haver aqui uma grande flexibilid­ade.

3. OS NÍVEIS DE APRENDIZAG­EM DOS ALUNOS

Andamos numa espécie de caça ao voto e, por isso, toda a gente fala muito dos professore­s, mas ninguém fala do objeto principal das escolas, que são os alunos, os níveis de aprendizag­em e de educação que as crianças adquirem durante o período escolar. Há a necessidad­e de reforçar os programas de recuperaçã­o para os alunos

Devem concentrar-se em fazer uma revisão dos cursos de formação de professore­s. Com a reforma de muitos quadros, vamos ter um problema sério de carência, sucedendo que algumas áreas são particular­mente sensíveis