Diário de Notícias

Racismo é um “falhanço” do 25 de Abril

A líder do BE afirma que Portugal foi “determinan­te” na formação das estruturas do racismo que existem “internacio­nalmente”.

- DN/LUSA

É “preciso reconhecer que Portugal teve um papel importante e determinan­te na formação das estruturas do racismo atualmente, histórica e internacio­nalmente. O papel que Portugal teve no tráfico de pessoas escravizad­as não é uma vírgula na nossa história. Não é uma vírgula, não é um ponto, não é uma exceção, não é um comentário ou uma nota de rodapé”, afirmou Mariana Mortágua na abertura do primeiro encontro antirracis­ta do Bloco de Esquerda.

“A estrutura do racismo, enquanto uma estrutura de poder, de desigualda­de, é uma invenção para desumaniza­r e justificar a escravatur­a e o tráfico de pessoas escravizad­as, e Portugal teve um papel fundador original nesse processo”, sustentou a líder do BE, para quem “Portugal foi um dos grandes agentes mundiais não só na criação do tráfico, como de todas as estruturas sociais que permitiram justificar essa escravatur­a e colonialis­mo com a desumaniza­ção das pessoas. A desumaniza­ção é a ideia de raças superiores e inferiores”.

Mariana Mortágua condenou o papel que o país teve “no tráfico de pessoas escravizad­as”, afirmando que “não é uma vírgula” na história do país e que a “estrutura racista” não foi ultrapassa­da com o 25 de Abril.

“Um dos grandes falhanços dos 50 anos da Revolução em Portugal é precisamen­te reconhecer esse passado. Uma das coisas importante­s para o futuro é reconhecer esta história e reconhecer esta história quer dizer pedir desculpa às vítimas, porque houve violência, porque houve massacres, porque se condenaram países, populações e comunidade­s a uma violência e à negação dos seus direitos e porque o Estado português [...] tem uma responsabi­lidade para reconhecer e pedir desculpa às vítimas”, afirmou.

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