“Resultado histórico”. UE e Ucrânia assinam pacto
Acordo de segurança tem um prazo de dez anos, mas não traz grandes novidades. Polónia e países do Báltico querem reforçar fronteira.
Opresidente ucraniano assinou ontem em Bruxelas um acordo de segurança de 10 anos com a União Europeia, o mais recente pacto que visa reforçar o apoio a longo prazo na luta com a Rússia, e que surge dias após a UE ter aberto negociações formais de adesão com Kiev. Volodymyr Zelensky participou também no Conselho Europeu, onde a Ucrânia foi um dos temas em debate entre os 27 chefes de Estado e governo do bloco.
“Obrigado a todos os líderes da UE por este resultado histórico. Esperámos por isto um longo período de tempo”, afirmou Zelensky em Bruxelas, apontando, porém, a necessidade de dar os “próximos passos”, inclusive na defesa aérea. “Precisamos deles urgentemente no campo de batalha”, sublinhou.
O acordo agora assinado reflete pactos já firmados com uma série de países, incluindo pesos pesados da UE, como Alemanha e França, mas também Reino Unido, Estados Unidos ou Japão, num total de 17. “Pela primeira vez, este acordo consagrará o compromisso de todos os 27 Estados-membros em fornecer à Ucrânia um amplo apoio, independentemente de quaisquer mudanças institucionais internas”, referiu o líder ucraniano. “Cada passo que damos aproxima-nos do nosso objetivo histórico de paz e prosperidade na nossa casa europeia comum”, continuou Zelensky. “É muito importante para que possamos transmitir a mensagem de que pretendemos apoiar a Ucrânia durante o tempo que for necessário”, disse, por seu turno, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.
O acordo, tornado público pouco depois de ter sido assinado, diz que a UE procurará continuar a financiar o fornecimento de armas para a Ucrânia, continuar a treinar as tropas de Kiev e intensificar os esforços para reforçar a indústria de defesa do país. Mas não houve compromissos concretos de nova ajuda por parte de Bruxelas, depois de alguns países se terem recusado a assumir qualquer compromisso demasiado definitivo. Em vez disso, o acordo diz apenas que novas parcelas anuais de apoio no valor aproximado do pacote de cinco mil milhões de euros para este ano “poderão ser previstas” até 2027.
Tal como acontece com os outros pactos, também inclui uma cláusula que diz que a UE consultaria a Ucrânia dentro de 24 horas no caso de uma “futura agressão” por parte da Rússia.
Mais coordenação
A Polónia e os países do Báltico – Estónia, Letónia e Lituânia – pediram esta semana à União Europeia para reforçar a sua fronteira oriental, alertando numa carta conjunta sobre uma “ameaça iminente” da Rússia e da Bielorrússia.
Na missiva, conhecida ontem, os quatro membros da UE acusam Moscovo de orquestrar ataques híbridos, incluindo “intimidação, instrumentalização de migrantes, sabotagem, desinformação, manipulação e interferência de informação estrangeira, (e) ataques cibernéticos”.
Estes líderes instaram ainda os restantes países da UE a “gastar mais e coordenar-se em iniciativas de defesa dentro da UE e com a NATO”. “A construção de um sistema de infraestruturas de defesa ao longo da fronteira externa da UE com a Rússia e a Bielorrússia responderá à necessidade extrema e urgente de proteger a UE de ameaças militares e híbridas”, afirmaram. A Polónia e os Estados Bálticos – que têm fronteiras com a Rússia – já começaram a fortificar as suas linhas orientais.