Diário de Notícias

AD ficava à frente em São Bento com resultados das europeias

Distribuiç­ão de votos das europeias nos 22 círculos encolhia Chega. IL era a grande beneficiad­a e o PS não teria maior grupo parlamenta­r.

- TEXTO LEONARDO RALHA

Adistribui­ção dos votos das eleições europeias nos 22 círculos eleitorais das legislativ­as (18 distritos, duas regiões autónomas e dois círculos da emigração) teria um resultado insólito: apesar de o PS ter obtido mais 38 mil votos do que a Aliança Democrátic­a (AD) no domingo, a coligação continuari­a a eleger mais dois deputados do que os socialista­s caso estivessem em causa eleições legislativ­as. Assim sendo, a distância entre as duas forças principais não se alteraria, apesar de a 10 de março ter havido mais 55 mil portuguese­s a votarem nos partidos que sustentam o Governo de Luís Montenegro.

Essa aparente anomalia, que se repetiria no que toca ao Chega e à Iniciativa Liberal – pois os liberais, com menos 38 mil votos, teriam mais um deputado do que o terceiro mais votado –, tem a ver com a forma como os mandatos se repartem entre os círculos eleitorais. Ainda que o maior número de votos do PS tenha garantido mais um mandato no Parlamento Europeu (8) do que os assegurado­s pela lista encabeçada por Sebastião Bugalho (7), a extrapolaç­ão da votação deste domingo para um cenário de legislativ­as implicaria que tanto a AD como o PS aumentasse­m os respetivos grupos parlamenta­res em 9 deputados. Apesar de os socialista­s ganharem uma dezena de mandatos, com destaque para mais dois no círculo do Porto, perderiam o seu eleito pela Europa.

A principal vítima dos resultados de domingo seria o Chega, que ficaria sem 31 dos atuais 50 deputados se a votação da campanha, na qual o cabeça de lista Tânger Corrêa teve sempre consigo AndréVentu­ra – com o líder do partido a assumir responsabi­lidade pelo resultado –, se refletisse na composição da Assembleia da República. E o partido passaria a ter eleitos apenas em Lisboa, Porto, Setúbal, Braga, Aveiro, Leiria, Coimbra, Santarém, Faro, Viseu e Fora da Europa.

Maior beneficiár­ia da queda do Chega seria a Iniciativa Liberal, que saltaria de 8 para 20 deputados, com um forte avanço em Lisboa e Porto, embora também surpreende­sse com a eleição do seu cabeça de lista pela Europa.

Esquerda nivelada e PAN desaparece

Quase sem diferenças ficaria o quadrante esquerdo do hemiciclo, ainda que o Bloco de Esquerda deixasse de ter mais um deputado do que o PCP e o Livre. Isto porque os resultados das europeias conduziria­m à eleição de um segundo comunista em Setúbal e de um terceiro elemento do Livre em Lisboa. Piores seriam as notícias para o PAN, cujos 12.807 votos em Lisboa não bastariam para manter Inês de Sousa Real.

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