Correio da Manha

“Como explico à minha neta que a amiga foi assassinad­a?”

- 1Comunidad­e Tânia Laranjo Texto Nuno André Ferreira Imagem Enviados a Southport, Inglaterra

CRIME

presta homenagem às crianças, deixando flores e brinquedos à porta da escola 2Onda de protestos pode alastrar a outras cidades

É também em português que se chora a morte de Alice. A menina de nove anos assassinad­a numa escola em

Southport, a cerca de meia hora de Liverpool, foi uma das três vítimas mortais do ataque de segunda-feira que as autoridade­s britânicas recusam ter sido um ato terrorista. O autor do crime brutal é um rapaz de 17 anos, nascido em Inglaterra, mas as motivações continuam a ser desconheci­das. Maria Ramos, a viver há mais de uma década na pequena cidade inglesa, conhecia duas das

vítimas e também familiares de Alice, a menina filha de pai madeirense, que também nasceu naquele arquipélag­o português. Tal como os ingleses, Maria Ramos chora pelo crime cruel e sem qualquer justificaç­ão. “Como explico à minha neta que a amiga foi assassinad­a?”, pergunta-nos, quase de forma retórica: “Como lhe digo que um rapaz entrou por aqui e esfaqueou quem aparecia à frente?”, repete. A descrição do que aconteceu é assustador­a. A porta da sala onde Alice participav­a num workshop de dança estava aberta devido às elevadas temperatur­as. Mesmo ao lado

havia uma aula com quase duas dezenas de grávidas, que estavam a fazer trabalhos de preparação para o parto. O suspeito entrou sem que ninguém se apercebess­e e nada o travou. A primeira vítima foi Bebe, uma menina de 6 anos, cuja irmã estava ao lado e conseguiu fugir e esconder-se debaixo de um carro. A segunda foi Elsie, de oito anos. Seguiu-se Alice, de nove.

AGRESSOR ENTROU SEM QUE NINGUÉM SE APERCEBESS­E. NADA TRAVOU O ASSASSINO

Todas gravemente feridas e sem hipótese de serem salvas. “A minha neta é da sala da irmã da Bebe. Também era amiga da Elsie. Tem sido muito difícil para todos, tenho pesadelos de noite, não consigo dormir.”

A pacata localidade transformo­u-se agora num memorial gigante. À porta da escola onde aconteceu a tragédia, no jardim junto ao teatro municipal, um pouco por todas as ruas da cidade, há balões e brinquedos, como que oferecidos às crianças mortas.

“Foi aqui, minha filha. Reza por ela que ela agora é uma estrela”, dizia uma mãe inglesa agarrada à filha, com oito/nove anos. A menina também conhecia as vítimas e era um dos muitos rostos que ontem choravam pelas meninas assassinad­as.

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Ao lado da sala onde as crianças foram mortas, duas dezenas de grávidas faziam trabalhos de preparação para o parto
MEMORIAL Comunidade de Southport está em choque com o crime brutal que roubou a vida de três crianças, uma delas portuguesa Ao lado da sala onde as crianças foram mortas, duas dezenas de grávidas faziam trabalhos de preparação para o parto
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 ?? ?? 1 3Alice da Silva Aguiar, a vítima portuguesa da tragédia de Southport 4Elsie Stancombe
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1 3Alice da Silva Aguiar, a vítima portuguesa da tragédia de Southport 4Elsie Stancombe 5Bebe King 2

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