Correio da Manha

“Até o Medina nos deu 200 mil para o râguebi”

Ministério Púbico avança para a constituiç­ão de arguido do ex-ministro REAÇÃO Fernando Medina ao CM: “Não tive conhecimen­to de qualquer ilegalidad­e”

- Tânia Laranjo

“O Medina está a portar-se bem” ou “até o Medina nos deu 200 mil euros para o râguebi”. São apenas alguns dos desabafos escutados a Sérgio Azevedo, deputado do PSD, em 2017. Estava em causa a construção de um novo campo de râguebi para a equipa do Belenenses, num terreno, em Monsanto, que tinha sido cedido ao clube pela autarquia, ainda no mandato de António Costa.

Medina já era presidente da câmara quando a autarquia contribuiu com 200 mil euros para a construção do campo. Segundo a tese do Ministério Público, o deputado do PSD Sérgio Azevedo fez pressão para que a quantia fosse oferecida e que a obra fosse adjudicada à empresa Ambigold, do amigo Carlos Eduardo Reis. Fernando Medina vai ser agora constituíd­o arguido, pelo crime de prevaricaç­ão, mas garante ao CM que desconheci­a qualquer negócio paralelo ou promessas para que a obra fosse adjudicada a amigos. “Eu não

EX-MINISTRO GARANTE QUE DESCONHECI­A HAVER CONTRAPART­IDA DE PARA QUEM IA A OBRA

tive conhecimen­to de qualquer ilegalidad­e e por isso não tive qualquer informação que levantasse suspeitas sobre a atribuição do apoio”, garantiu ao Correio da Manhã, negando a prática de qualquer crime.

Segundo o CM apurou, neste negócio não há de facto conversas onde o interlocut­or seja Fernando Medina. Há apenas várias e diversas referência­s ao seu nome e ao dinheiro que este aceitou doar, quando era vereador.

“Luís Seara Cardoso [da direção do râguebi] diz a Sérgio Azevedo que a aceitação da obra do campo de râguebi está a ser difícil porque é 80 mil euros mais alta e que inclusivam­ente é a 4.ª classifica­da”, pode ler-se no processo que já não está em segredo de justiça. “Sérgio Azevedo mostra-se indignado, desde logo pelos favores que ficou a dever para conseguir. Inclusive reuniu-se com o presidente da EPAL para conseguir arranjar o dinheiro que faltava e até foi falar com Fernando Medina”, diz ainda o mesmo interlocut­or.

“Corro riscos como deputado a pedir favores para a secção de râguebi (…) Afinal quem é que arranjou dinheiro para fazerem a obra?”, pergunta, irritado, Sérgio Azevedo, noutra conversa com Carlos Eduardo Reis, a 23 de junho de 2017.

O processo da ‘Operação Tutti Frutti’ está agora a entrar na reta final e já tem dezenas de arguidos.

 ?? ?? O ex-ministro das Finanças Fernando Medina vai ser constituíd­o arguido pelo Ministério Público
O ex-ministro das Finanças Fernando Medina vai ser constituíd­o arguido pelo Ministério Público

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal