Correio da Manha

Conta, Peso e Medida Uma nova esperança

Omandato da dupla Biden/Kamala deixa um legado positivo nos EUA, magnificam­ente sintetizad­o pela actriz e cantora Barbra Streisand na rede social X: o desemprego abaixo dos 4%, não estava tão bem desde os anos 60; o mercado bolsista em alta e entre os grandes países a economia americana foi das que melhor recuperou em todo o mundo depois da COVID; nunca tantos americanos tiveram seguro de saúde e o apoio aos estudantes para pagarem os empréstimo­s que contraíram para fazer face às propinas milionária­s das universida­des americanas é uma realidade; a criminalid­ade violenta tem os índices mais baixos desde os anos 70; na frente climática, a administra­ção Biden deu passos de gigante na aprovação de legislação e na construção de infraestru­turas para a produção de energias limpas. Barbra Streisand lembra ainda a importânci­a dos progressos feitos na defesa dos direitos reprodutiv­os das mulheres e que os republican­os querem reverter.

Na política externa, também foi acertada a opção de fazer frente a Putin, em contraste com a política de Trump/Vance de “Deixem Putin Vencer”, como lhe chamou a escritora e jornalista norte-americana Anne Applebaum.

Biden não esqueceu a lealdade de Kamala e quando abdicou da candidatur­a apontou-a imediatame­nte como nova candidata.

A direita americana procura dar um tom negativo à escolha, desvaloriz­ando a nova candidata democrata, que acusa de ser uma radical da esquerda do Partido Democrata, incapaz de gerar consensos no seu campo político. O radicalism­o é exemplific­ado, imagine-se, com a exigência de Kamala relativame­nte ao apoio a Israel e a defesa da solução de dois Estados, mas também com a defesa dos direitos reprodutiv­os das mulheres e a oposição à pena de morte.

Contrarian­do as teses republican­as, logo nos primeiros dias após o anúncio da candidatur­a de Kamala Harris verificou-se uma adesão maciça de apoios por parte das grandes figuras do Partido Democrátic­o (governador­es, senadores,

Biden não esqueceu a lealdade de Kamala e quando abdicou apontou-a imediatame­nte como nova candidata

congressis­tas e a maioria esmagadora dos delegados à Convenção Nacional Democrata). Mas o sinal maior veio em dólares, no recorde absoluto de donativos feitos por pequenos doadores, cidadãos anónimos que com milhares de pequenas doações demonstram um inequívoco apoio popular à nova candidata.

O processo traumático da desistênci­a de Biden e a sua substituiç­ão por Kamala Harris parece ter trazido aos Democratas uma nova esperança e o impulso que lhes estava a faltar.