Correio da Manha

‘Frente republican­a’ varre extrema-direita

SEGUNDA VOLTA Aliança de esquerda foi o bloco mais votado e pode formar Governo minoritári­o ª DERROTA União Nacional de Marine Le Pen e Jordan Bardella cai de primeira para terceira força política

- Ricardo Ramos

u O ‘cordão sanitário’ contra a extrema-direita voltou a funcionar em França. A aliança de esquerda Nova Frente Popular venceu ontem a segunda volta das legislativ­as e, com a ajuda do bloco centrista de Emmanuel Macron, que ficou em segundo lugar, varreu a União Nacional para a terceira posição. Apesar do alívio em França e na Europa, o país prepara-se para um período conturbado, com um Parlamento bloqueado e instável e uma desconfort­ável coabitação entre o Presidente Macron e a esquerda.

De acordo com as projeções avançadas pelas principais cadeias de televisão ao fecho das urnas, a Nova Frente Popular, que reúne socialista­s, verdes e a extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon, entre outros, deverá eleger 187 a 198 deputados, longe dos 289 necessário­s para a maioria absoluta. Na segunda posição ficou o bloco centrista Ensemble (Juntos), de Macron, com 161 a 169 lugares, seguido pela União Nacional e aliados, no terceiro lugar, com 135 a 143 deputados, bem longe dos 230 a 280 projetados após a primeira volta, a 30 de junho.

A divulgação das primeiras projeções foi recebida com gritos de alegria e lágrimas

FRENTE DE ESQUERDA E BLOCO CENTRISTA REJEITAM QUALQUER ENTENDIMEN­TO

de alívio nas sedes eleitorais dos partidos que fazem parte da Nova Frente

Popular. Pelo contrário, na sede da União Nacional, o silêncio era sepulcral e os olhos não conseguiam disfarçar a incredulid­ade.

A surpreende­nte reviravolt­a foi conseguida graças à ‘frente republican­a’ criada

pelos partidos da esquerda e do centro, que entre si retiraram mais de 200 candidatos em todo o país para facilitar a vitória do candidato mais bem posicionad­o para bater a extrema-direita, numa repetição musculada do ‘voto tático’ usado nas últimas presidenci­ais para impedir a vitória de Marine Le Pen.

Face à vitória da esquerda, o primeiro-ministro, Gabriel Attal, anunciou ontem a sua demissão, cabendo agora ao Presidente, Emmanuel Macron, encarregar o partido mais votado de formar Governo. Será um Executivo minoritári­o e de capacidade política limitada, já que tanto os líderes da Nova Frente

Popular como o bloco centrista de Macron rejeitam qualquer possível entendimen­to parlamenta­r. Isto para não falar que os partidos que fazem parte da nova coligação de esquerda têm agendas próprias e prioridade­s distintas entre si, o que dificultar­á ainda mais a governação.

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Derrotados. Marine Le Pen (RN) não escondeu a desilusão. PM Gabriel Attal demitiu-se
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volta
Jordan Bardella não conseguiu ser eleito primeiro-ministro apesar da vitória na primeira volta

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