Falsos motoristas enganam turistas nos aeroportos
ANGARIADORES ILEGAIS ABORDAM AS VÍTIMAS NA ZONA DAS CHEGADAS DOS AEROPORTOS
ESQUEMA Prometem viagens rápidas e
sem filas de espera, mas não
têm qualquer habilitação, não passam recibo e pagamento só
em dinheiro INFRAÇÕES Um milhão de euros em coimas
só em Lisboa
Atuam em grupo, principalmente no interior dos aeroportos. Abordam os turistas estrangeiros logo na zona das chegadas e dizem ser taxistas ou motoristas TVDE. Prometem preços mais baixos. Garantem que se viajarem com eles não têm de esperar na fila dos táxis, podendo chegar ao destino mais rápido. Mas os clientes estão a ser enganados. Estes homens, de várias idades, são falsos motoristas – trabalham em carros particulares sem taxímetro ou plataforma TVDE. Não têm qualquer habilitação para transporte de pessoas. É uma burla. Em 2023, no Aeroporto de Lisboa foram cometidas quase mil infrações – as coimas somadas podem ascender a um milhão. No Porto, desde janeiro de 2023 e até abril deste ano foram 120 as infrações.
“Do Aeroporto de Lisboa a Sintra, uma senhora, brasileira, disse que lhe cobraram 400 €. Ela dizia textualmente que era um taxista que a tinha levado, mas a viatura tão-pouco era um táxi. Eram angariadores ilegais”, denuncia José Monteiro, vice-presidente da ANTRAL (Associação Nacional dos
Transportes Rodoviários em Automóveis Ligeiros). No Aeroporto do Porto, na Maia, uma viagem ao centro da Invicta pode custar 250 €.
“É um esquema rentável por não ser controlado.
Os angariadores trabalham à margem da lei”, descreveu ao CM Leonel Sousa, um dos taxistas do Aeroporto do Porto que diz que este fenómeno passa uma “má imagem” dos profissionais do
setor. “As pessoas acham que eles são taxistas. Eles prometem um preço, mas depois inventam desculpas e cobram mais. Os clientes queixam-se de insegurança”, assume.
Estes falsos motoristas só
aceitam pagamento em numerário e não passam recibo. “Já inventaram que os táxis estavam em greve”, garante Rui Neto, taxista do Porto. “Parecemos um País de terceiro mundo. Estes angariadores assimilam um sentimento de impunidade. Aqui a lei é só para alguns e isto mancha a imagem de País recetivo ao turismo. O esquema defrauda o erário público”, disse o ‘vice’ da ANTRAL.