Parlamento vs comentadores
Se repararem bem, todas as semanas, pelo menos, há um caso de polícia, ou de corrupção, ou de gestão danosa, ou de irregularidades graves. A nova tendência agora é a das Comissões de Inquérito ou a das chamadas ao Parlamento. Quase todos os dias há notícias de que o Partido A e o Partido B admitem chamar 1, 5 ou 10 pessoas ao Parlamento ou constituir ou propor uma comissão de inquérito ou à TAP, ou à ANA, ou à Santa Casa, ou ao Ministério das Infraestruturas (eu já respondi e poderei responder outra vez, sem problema). Desde Ministros a ex-Ministros, Provedores a ex-Provedores, Procuradora-Geral, gestores, banqueiros, militares, tudo é referido em intervenções bombásticas. Até o Presidente da República foi falado como possível responsável por atos de traição à Pátria. Vejam: todos os dias, em todos os serviços informativos se ouvem notícias desse tipo. Já não falo da Igreja - ai, a separação entre Estado e Igreja que aqui não deu jeito nenhum -, do Ministério da Defesa, de clubes de futebol, das gémeas, do Influencer. Para não falar dos recursos de José Sócrates, ou da Madeira, ou de Manuel Pinho, entre outros. Mas que as forças de investigação o façam é natural e, no geral, compreensível. Agora que o Parlamento e a vida política se transformem em entidades e ambientes que constantemente investigam, quando não chegam mesmo a julgar, é muito, muito complicado.
Ainda ontem foi anunciado um conjunto de grandes investimentos com uma importância de topo para o futuro de Portugal. Seria natural que hoje e nos próximos dias, no Parlamento, essa fosse a matéria em análise: aprofundada, dissecada, recordar a evolução das posições de cada Partido e de cada líder ou outros responsáveis políticos sobre os temas em apreço. Mas não! Lá foram eles “vestir as togas” e chamar, inquirir, julgar. Que chamem todos. Mas que os temas principais não sejam sempre desse género.
A nova tendência agora é a das Comissões de Inquérito ou a das chamadas ao Parlamento
Qualquer País precisa de sentir motivação, energia, força, para ultrapassar os desafios que tem pela frente, interna e externamente. Reparem nas notícias sobre a Rússia, as relações com Portugal e com algumas ex-colónias portuguesas. Debatem-se esses temas no Plenário e nas Comissões do Parlamento? Eleições na Madeira na próxima semana? Essas matérias ficam para os comentadores. O Parlamento tem muito que investigar. Fazem muito bem.