Montenegro “desliga-se” da “herança” de Passos
Passos associa Montenegro ao Governo da troika, mas diz que o primeiro-ministro está a tentar desligar-se PAULO PORTAS Antigo presidente do PSD acusa o centrista de não ser confiável
u O antigo primeiro-ministro Pedro Passos Coelho vê Luís Montenegro com vontade de se “desconectar do próprio passado”, a governação PSD-CDS entre 2011 e 2015. “Foi muito evidente nos últimos tempos essa preocupação de se tentar desligar”, declarou ontem, em entrevista à Rádio Observador.
O atual primeiro-ministro “faz parte dessa herança e desse legado” e só se tornou “um possível presidente do PSD” graças ao “grande” desempenho enquanto líder parlamentar, argumentou Passos Coelho.
“A liderança que me sucedeu [Rui Rio] manifestamente não concordava com a linha de Governo que eu tinha. É natural que se sentisse menos obrigado a aceimedidas tar a herança política que eu deixei. Era a minha oposição interna”, referiu em contraponto.
Na entrevista, Passos Coelho apontou também a “falta de solidariedade pública” do CDS relativamente a
tomadas de 2011 a 2015, por “medo de desaparecer” do Parlamento nas eleições seguintes. Paulo Portas, na altura presidente dos centristas, “não tinha uma noção realista do limite das nossas possibilidades”, vincou Passos Coelho.
“A troika, a partir de certa altura, percebeu que havia um problema com o CDS e passou a exigir cartas assinadas por Paulo Portas”, porque “não confiava” no então governante. “Para impedir uma humilhação do ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, eu obriguei o ministro das Finanças a assinar comigo e com ele a carta para as instituições”, revelou Passos.
TROIKA “NÃO CONFIAVA” EM PORTAS E PASSOU A EXIGIR-LHE CARTAS ASSINADAS, DIZ PASSOS