O que ninguém conta sobre a menopausa
De repente você se vê diante de algo parecido com o apocalipse. Mesmo que ainda não esteja na menopausa, um monte de amigas passa a te relatar os suplícios da oscilação de hormônios. Nas redes sociais os retratos não são menos assustadores. Difícil achar algum que remeta a uma transição normal da vida.
“Como podemos estar tão despreparados para uma das mais monumentais transições da vida? Todas as mulheres que vivem o bastante passam pela menopausa. É uma experiência compartilhada por metade da população mundial... e sobre a qual ninguém fala”, resume a jornalista americana Jancee Dunn no livro O Que Ninguém Conta Sobre a Menopausa (Fontanar).
O resultado é que mulheres na perimenopausa (a fase que antecede a menopausa) já podem sofrer com uma série de sintomas sem saber que são próprios da fase e passar anos tentando receber o diagnóstico e o tratamento certos.
Os sintomas mais comuns listados por Jancee são ondas de calor, suor noturno e menstruação irregular, porém também estão incluídos oscilações de humor, diminuição da libido, seios doloridos, dores de cabeça, secura vaginal, ardência bucal, formigamento nas mãos e nos pés, problemas de gengiva, fadiga extrema, inchaço, problemas digestivos, dores nas articulações, depressão, dores musculares, coceiras na pele, choques elétricos, sono ruim, confusão mental, lapsos de memória, queda de cabelo, unhas quebradiças, ganho de peso, tontura ou vertigem, aumento das alergias, perda de densidade óssea, palpitações, irritabilidade, ansiedade e síndrome do pânico. Para completar, é comum a perimenopausa ocorrer quando as mulheres estão no período de maior responsabilidade da vida.
Mas o fato é: nada pode ser pior do que ficar sofrendo em silêncio. Hoje já há tratamentos e soluções para amenizar sintomas. O que precisa é encarar o problema de frente e buscar informação e ajuda profissional.
“Quanto mais você aprende sobre a menopausa, menos assustadora ela se torna”, diz Jancee. “Quanto maior a frequência com que você a menciona casualmente nas conversas, mais depressa o estigma desaparece. A menopausa não é uma doença! É um estágio da vida. Se você tiver a sorte de viver tempo o bastante, pode passar metade da vida na pós-menopausa.”
E não se trata só de retórica. Especialistas em saúde da mulher dizem que a forma como lidamos com a menopausa aponta o caminho para a saúde mental e física a longo prazo. Ou seja, quanto mais mudanças conseguirmos promover quando os sintomas da perimenopausa aparecem, mais saudáveis seremos adiante na vida. Dá até pra sonhar com o que a antropóloga Margaret Mead chamou de entusiasmo pós-menopausa, sensação que vai além de se livrar de vez dos absorventes e do medo de engravidar e passa por se sentir bem na própria pele, libertarse da necessidade de agradar e pela experiência de reivindicar tempo e espaço para si. Sem culpa. •