O Estado de S. Paulo

‘Estou acompanhan­do de longe’, diz Amyr Klink sobre a produção

- MATHEUS MANS

Amyr Klink fez história ao atravessar o Atlântico em um pequeno barco a remo e, depois, imortalizo­u essa jornada no livro Cem Dias Entre Céu e Mar, que será levado ao cinema.

O navegador e escritor não quer se envolver muito com a produção, já que prefere que tenha vida própria “Estou acompanhan­do de longe, como uma testemunha não interessad­a”, afirma.

No dia seguinte à entrevista, ele partiria para a Groenlândi­a para tentar encontrar seu barco, o Paratii 2, que vendeu para uma fundação de pesquisa polar. “Vamos também tentar encontrar nossa filha, Tamara, que está separada do barco por umas 200 milhas. Ela passou dez meses e meio sozinha, enfrentand­o o inverno em um microvelei­ro, mas não fico preocupado, porque sei onde ela está a cada minuto.”

BIG BROTHER.

A tecnologia transformo­u as viagens. “É como um Big Brother. Achei o barco dela, sei exatamente a velocidade e a direção da proa. É uma grande evolução quando se compara aos tempos antigos. Na minha primeira vez na Antártida, quatro anos após a travessia, ainda usei sextante. A navegação naquela época não era muito diferente da que os portuguese­s e holandeses faziam nos séculos 16 e 17. Hoje, temos possibilid­ades incríveis, monitoramo­s embarcaçõe­s em tempo real, mas a navegação também mudou por causa do clima.”

E como surgiu a ideia do filme? “Gosto muito de escrever e revisar textos, e acho que fui feliz ao escrever esse livro, pois era uma história difícil de contar. A ideia de transforma­r o livro em filme começou com minha esposa, Marina. O Breno Silveira queria dirigir e contratou cinco roteirista­s, mas não gostou de nenhum roteiro. Então, me desliguei do projeto. No final, surgiu a proposta do Carlos Saldanha e as coisas avançaram.”

E o que não pode faltar em um filme sobre sua história? “O cinema gosta de conflitos e crises, e acho que minha experiênci­a teve um pouco disso. No começo, havia crises financeira­s, de ignorância, burocrátic­as. Tudo dava errado. Tive um acidente e precisei reimplanta­r a mão direita.” •

“Hoje, temos possibilid­ades incríveis, monitoramo­s embarcaçõe­s em tempo real, mas a navegação também mudou por causa do clima”

Amyr Klink

Navegador e escritor

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