‘Estou acompanhando de longe’, diz Amyr Klink sobre a produção
Amyr Klink fez história ao atravessar o Atlântico em um pequeno barco a remo e, depois, imortalizou essa jornada no livro Cem Dias Entre Céu e Mar, que será levado ao cinema.
O navegador e escritor não quer se envolver muito com a produção, já que prefere que tenha vida própria “Estou acompanhando de longe, como uma testemunha não interessada”, afirma.
No dia seguinte à entrevista, ele partiria para a Groenlândia para tentar encontrar seu barco, o Paratii 2, que vendeu para uma fundação de pesquisa polar. “Vamos também tentar encontrar nossa filha, Tamara, que está separada do barco por umas 200 milhas. Ela passou dez meses e meio sozinha, enfrentando o inverno em um microveleiro, mas não fico preocupado, porque sei onde ela está a cada minuto.”
BIG BROTHER.
A tecnologia transformou as viagens. “É como um Big Brother. Achei o barco dela, sei exatamente a velocidade e a direção da proa. É uma grande evolução quando se compara aos tempos antigos. Na minha primeira vez na Antártida, quatro anos após a travessia, ainda usei sextante. A navegação naquela época não era muito diferente da que os portugueses e holandeses faziam nos séculos 16 e 17. Hoje, temos possibilidades incríveis, monitoramos embarcações em tempo real, mas a navegação também mudou por causa do clima.”
E como surgiu a ideia do filme? “Gosto muito de escrever e revisar textos, e acho que fui feliz ao escrever esse livro, pois era uma história difícil de contar. A ideia de transformar o livro em filme começou com minha esposa, Marina. O Breno Silveira queria dirigir e contratou cinco roteiristas, mas não gostou de nenhum roteiro. Então, me desliguei do projeto. No final, surgiu a proposta do Carlos Saldanha e as coisas avançaram.”
E o que não pode faltar em um filme sobre sua história? “O cinema gosta de conflitos e crises, e acho que minha experiência teve um pouco disso. No começo, havia crises financeiras, de ignorância, burocráticas. Tudo dava errado. Tive um acidente e precisei reimplantar a mão direita.” •
“Hoje, temos possibilidades incríveis, monitoramos embarcações em tempo real, mas a navegação também mudou por causa do clima”
Amyr Klink
Navegador e escritor