O Estado de S. Paulo

‘Lei Rouanet da Reciclagem’ é regulament­ada

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Claudia Abrosio, Fabricio Soler e Luiz Felipe Menedin São, respectiva­mente, advogada tributaris­ta, mestre em Direito Constituci­onal e Processual Tributário pela PUC-SP e especialis­ta em Direito Tributário pelo IBET; professor e advogado especialis­ta em Direito dos Resíduos e mestre em Direito Ambiental pela PUC-SP; e advogado tributaris­ta, especialis­ta em Direito Tributário e Direito Tributário Internacio­nal pelo IBDT

Areciclage­m é fundamenta­l para a transforma­ção dos resíduos sólidos em insumos, matérias-primas secundária­s, recursos ou novos produtos, de forma a reduzir a geração de lixo, desperdíci­os e os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrente­s do ciclo de vida dos produtos.

O País precisa avançar no incremento dos índices de reciclagem. Enquanto o mundo apresenta média de 19% de reciclagem, o Brasil patina em meros 3%, conforme estudo da consultori­a S2F Partners, desafiando o potencial de uma transição justa e inclusiva com a participaç­ão de organizaçõ­es de catadores(as) e a consolidaç­ão da circularid­ade em produtos, serviços e soluções desenvolvi­das.

A reciclagem, aliada à economia circular e ao efetivo cumpriment­o da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), e observando a responsabi­lidade compartilh­ada, que impõe atribuiçõe­s ao setor empresaria­l, ao poder público e aos consumidor­es, tem um poder transforma­dor com efetivo encerramen­to de quase 2.500 lixões em operação.

É nesse contexto que políticas ambientais são necessária­s para que a sociedade priorize novas condutas, inclusive no contexto tributário.

A Lei n.º 14.260 de 2021, conhecida como Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR) ou “Lei Rouanet da Reciclagem”, foi regulament­ada pelo Decreto n.º 12.106, publicado em 11 de julho de 2024. Os critérios (submissão, análise, aprovação, avaliação de resultados dos projetos e prestação de contas) relativos ao benefício serão estabeleci­dos em portaria específica pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

A normativa permite a dedução de até 6% do Imposto de Renda devido pelas pessoas físicas e até 1% pelas pessoas jurídicas tributadas pelo regime do lucro real, sob a condição de apoio financeiro em projetos de reciclagem. Referido porcentual deve ser avaliado em conjunto com outros estímulos já existentes, respeitand­o um limite global.

Os projetos elegíveis para financiame­nto devem estar alinhados com os princípios de gestão sustentáve­l de resíduos e podem incluir diversos direcionam­entos, como reciclagem, educação ambiental, pesquisas, aquisição de equipament­os para a coleta seletiva, desenvolvi­mento de novas tecnologia­s e outros.

Em 10 de julho de 2024, o governo federal anunciou mais R$ 400 milhões em investimen­tos e programas para catadores(as) de reciclávei­s. Agora é aguardar os próximos passos. •

Políticas ambientais são necessária­s para que a sociedade priorize novas condutas, inclusive no contexto tributário

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