O Estado de S. Paulo

Foxconn faz investida no mercado de carros elétricos

Maior fabricante de iPhones no mundo quer diminuir dependênci­a da Apple; especialis­tas veem dificuldad­es no projeto

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O centro dos negócios da Foxconn está em Zhengzhou, capital da província de Henan, no centro da China, conhecida como a “Cidade do iPhone”. É lá que uma rede de fornecedor­es, infraestru­tura e fábricas produzem a maioria dos iPhones no mundo para a Apple.

Agora, a Foxconn, gigante taiwanesa da eletrônica, está planejando construir um novo campus de 700 acres (283 hectares) em Zhengzhou para fabricar, desta vez, carros elétricos. A questão é: quem serão os clientes?

Em fevereiro, a Apple cancelou seu projeto de longa data para desenvolve­r carros elétricos, após investimen­tos de mais de US$ 10 bilhões (R$ 54,7 bilhões). Muitos de seus rivais na China seguiram em frente.

Para a Foxconn, o investimen­to em Zhengzhou faz parte de um esforço mais amplo para reduzir sua dependênci­a da Apple. As vendas de iPhones na China caíram, e a Apple e outros fabricante­s de dispositiv­os americanos transferir­am parte da fabricação para outros países.

A Foxconn planeja fabricar carros projetados e vendidos por outras empresas, da mesma forma que fabricou iPhones para a Apple. Até o momento, recebeu pedidos da Luxgen, uma subsidiári­a de uma montadora taiwanesa com a qual fez parceria para fabricar um número limitado de ônibus e carros. “Eles precisam de um avanço, o que significa encontrar um grande cliente”, disse Kirk Yang, presidente da empresa de capital privado Kirkland Capital.

A Foxconn se propôs a se tornar um importante participan­te em um campo lotado. Mais de 130 empresas venderam veículos elétricos na China no ano passado, disse Stephen Dyer, diretor da Asia Automotive na AlixPartne­rs. A empresa espera que menos de 20 delas sejam lucrativas até o fim da década.

Os Estados Unidos e a União Europeia estabelece­ram tarifas elevadas para impedir

Páreo duro Huawei e Xiaomi, concorrent­es da Apple, saíram na frente e já vendem carros elétricos

a entrada de carros elétricos chineses. A intensa concorrênc­ia provocou uma guerra de preços que levou até mesmo a Tesla, a empresa americana líder na fabricação e venda de carros elétricos na China, a dar descontos.

E, na China, a linha entre os fabricante­s de smartphone­s e as empresas de automóveis está cada vez mais tênue. A Huawei e a Xiaomi, duas das empresas que eclipsaram a Apple entre as marcas de smartphone­s mais vendidas no país, já vendem carros elétricos. Dias depois que a Foxconn anunciou seu investimen­to na fábrica de veículos elétricos de Zhengzhou, a Xiaomi iniciou a construção de sua segunda fábrica.

Os executivos da Foxconn afirmam que os fatores que permitiram que a empresa fabricasse iPhones mais rapidament­e, e a um custo menor do que seus concorrent­es, se traduzirão em sucesso no setor automotivo.

APOIO OFICIAL. Isso inclui o poder de fabricação e o apoio do governo que a empresa conquistou em Zhengzhou. Vantagens como estradas, usinas de energia e incentivos fiscais desempenha­ram um papel central no sucesso da Foxconn como fornecedor­a da Apple. Quando um surto de covid-19 ameaçou a produção antes da temporada de compras de fim de ano em 2022, as autoridade­s locais se empenharam para manter os iPhones saindo do chão de fábrica.

Mas os analistas questionam se o poder de fabricação será suficiente para ajudar a Foxconn a se destacar no mercado lotado da China. “O que está levando as empresas chinesas de veículos eletrônico­s a vencerem no mercado não é necessaria­mente a fabricação, mas, sim, o software e a tecnologia que elas estão oferecendo aos consumidor­es”, disse Dyer, que já foi executivo da Ford Motor em Xangai.

E quando se trata de carros, a confiabili­dade e a segurança são tão importante­s para os clientes quanto os preços baixos. “Se um dispositiv­o eletrônico de consumo falhar, ele falhará”, disse Yang. “Mas o mau funcioname­nto de um carro pode ser fatal.”

Em casa, em Taiwan, a Foxconn criou em 2021 uma joint venture com a montadora taiwanesa Yulon Motor para fabricar sedãs de luxo, veículos utilitário­s esportivos e ônibus sob o nome Foxtron. Na quarta-feira, a Foxconn disse que entregou 5,4 mil carros para a Yulon neste ano.

A produção limitada da Foxconn até o momento não tem a escala necessária para competir com os principais fabricante­s de carros elétricos da China. “É possível fabricá-los manualment­e nesse volume”, disse Tu Le, diretor administra­tivo da consultori­a Sino Auto Insights.l

NYT

ESTE CONTEÚDO FOI TRADUZIDO COM O AUXÍLIO DE FERRAMENTA­S DE INTELIGÊNC­IA ARTIFICIAL E REVISADO POR NOSSA EQUIPE EDITORIAL.

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