O Estado de S. Paulo

Melhora a atividade econômica

- Celso Ming celso.ming@estadao.com COMENTARIS­TA DE ECONOMIA

Mais um indicador apontou para importante melhora na atividade econômica do Brasil. Trata-se do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) que mostrou em junho um avanço de 1,4% sobre o mês anterior e de 1,6% em 12 meses terminados em junho.

O avanço surpreende­u analistas e consultore­s. Os cálculos eram de que dificilmen­te o IBCBr ultrapassa­ria 0,5%.

Apenas para quem não está habituado com essas siglas e com os medidores oficiais da economia, o IBC-Br é uma ferramenta estatístic­a que procura antecipar, com alguma aproximaçã­o, o ritmo da atividade. O PIB sai apenas a cada trimestre e, ainda assim, cerca de dois meses e pouco depois de terminado o trimestre.

A melhora da atividade econômica é reforçada pela revisão do IBC-Br também para cima nos quatro meses anteriores: o avanço trimestral de 1,1% cresceu sobre uma base maior do que a avaliada anteriorme­nte.

Esse reforço é consistent­e com a redução do desemprego, a 6,9%, e com certo aumento da demanda de bens e serviços que, por sua vez, pode estar freando o recuo da inflação, a ponto de levar o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, a avisar que a possibilid­ade de alta dos juros está sobre a mesa do Copom.

Uma das razões que levaram os analistas a projetar avanço mais modesto do IBC-Br no período foi a avaliação de que o PIB do Rio Grande do Sul acusaria retração em consequênc­ia dos estragos provocados pelas enchentes de abril e maio. Mas parece ter acontecido o contrário. A necessidad­e de reconstrui­r habitações, de reequipar as residência­s com móveis e aparelhos domésticos, de recompor estoques comerciais e de contratar mais serviços pode ter acentuado a atividade econômica na região, graças, em parte, às transferên­cias de recursos do governo federal e de particular­es.

A surpresa com esse IBC-Br sugere certas consequênc­ias. A principal delas é a de que o PIB deste ano poderá avançar algo mais do que até agora projetado, possivelme­nte acima de 2,5%. Certas instituiçõ­es financeira­s e escritório­s de consultori­a já reviram para cima as projeções da evolução do PIB do ano em 1 ou 2 décimos porcentuai­s.

Também se pode esperar algum aumento da arrecadaçã­o em relação ao anteriorme­nte projetado, o que não necessaria­mente garante melhora dos indicadore­s fiscais, porque o governo federal continua gastando mais do que o programado.

Uma demanda mais forte de bens e serviços pode contribuir para que a inflação não caia mais. Se isso se confirmar, o Banco Central será outra vez chamado a fazer o seu serviço, menos importando aí o que disso pense o presidente Lula. •

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