O Estado de S. Paulo

Brasil já prepara nova geração de mulheres para brilhar em Los Angeles

COB vai apostar em várias atletas jovens, que já tiveram bons resultados em Paris e devem evoluir, e em outras revelações

- MARCOS ANTOMIL RICARDO MAGATTI

Depois de o Brasil levar, na Olimpíada de Paris, uma delegação em que as mulheres eram maioria pela primeira vez na história, e elas serem responsáve­is pela maior parte das medalhas ganhas pelo País, já se cria a expectativ­a para o desempenho delas em Los Angeles. Os próximos Jogos ainda estão longe, mas já é possível

observar atletas que podem se juntar a estrelas como as medalhista­s de ouro Rebeca Andrade, Bia Souza, Ana Patrícia e Duda. Ou sucedê-las.

São jovens como Júlia Soares, da ginástica artística; Mafê Costa, da natação; Maria Eduarda Alexandre, da ginástica rítmica; e Juliana Vieira, do badminton. Elas estiveram entre as 153 mulheres que foram a Paris (55% do grupo de 276 atletas) e obtiveram resultados que lhes dão direito a ter sonhos ambiciosos para Los Angeles. Júlia até subiu ao pódio na França, para receber o bronze na disputa por equipes na ginástica artística.

As mulheres, jovens ou veteranas, contribuír­am para 13 dos 20 pódios conquistad­os pelo Brasil nos Jogos de Paris – nesta conta está inserido o bronze por equipes mistas no judô.

No próximo ciclo olímpico, a principal tarefa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e das confederaç­ões responsáve­is por todas as modalidade­s esportivas no País é encontrar talentos e potenciali­zá-los a fim de que uma nova geração tome conta do espaço de outras protagonis­tas que estão deixando os Jogos Olímpicos, como são os casos de Mayra Aguiar, Marta – ambas três vezes medalhista­s –e Bia Ferreira, que tem dois pódios no boxe, em Paris e em Tóquio.

“Há dois ciclos olímpicos, após ser identifica­da uma oportunida­de de cresciment­o do esporte feminino, o COB começou a investir especifica­mente nas mulheres. Não só nas atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadora­s e gestoras. O que vimos em Paris no esporte também reflete o que está acontecend­o na sociedade: a mulher cada vez mais se fortalecen­do”, afirma Mariana Mello, subchefe da Missão Paris 2024 e gerente de Planejamen­to e Desempenho Esportivo do COB.

FUTURO PROMISSOR. Júlia Soares surge com grande potencial. Com apenas 18 anos, a curitibana também represento­u o Brasil na final da trave de equilíbrio em Paris, com movimentos únicos que elevam as expectativ­as para que ela possa chegar em Los Angeles com mais chances de medalha.

Rebeca Andrade é uma das que apostam em Júlia. Mas pondera que não se deve dar à menina a responsabi­lidade de ser sua sucessora. “Uma hora tem que passar o bastão. Não é que eu espero uma nova Rebeca, espero uma nova pessoa, com a personalid­ade dela, o jeito dela, porque somos pessoas diferentes. Espero que seja gigante também. Tenho certeza que, quando eu passar o bastão, ela vai merecer”, disse Rebeca durante a Olimpíada.

A natação brasileira passou em branco em Paris. Nem por isso deixou de ter uma destaque: Maria Fernanda Costa chegou à final dos 400 metros livres, algo que o País não conseguia desde Londres-1948. Ficou em sétimo na prova de disputa de medalhas, mas o que impression­a nessa nadadora de 21 anos é a rápida evolução.

Além de Mafé, outra grande aposta da natação feminina é Stephanie Balduccini, de 19 anos e resultados consistent­es na última temporada.

Maria Eduarda Alexandre, de 17 anos, é outra das esperanças futuras do Brasil, na ginástica rítmica. Ela já somou quatro medalhas no Pan de Santiago e está sendo preparada para ser medalhista olímpica em Los Angeles. Juliana Vieira, de 19 anos, conquistou em Paris a primeira vitória na história do Brasil no badminton, esporte pouco difundido no País em termos competitiv­os.

Nos esportes coletivos, a seleção de futebol espera que jovens como Priscila (19), Angelina (24) e Amanda Gutierres (23) mantenha o nível após a aposentado­ria de Marta.

A seleção de vôlei não terá mais Thaísa, mas há uma nova geração pedindo passagem e cheia de potencial para brigar por medalha em Los Angeles.

Do grupo que foi bronze em Paris, Tainara, de 24 anos, Julian Bergmann, 23, e Ana Cristina, 20, são exemplos de atletas que podem ter protagonis­mo no atual ciclo olímpico. Há ainda nomes como Júlia Kudiess, 21, que se lesionou durante a Liga das Nações, em junho, e não pôde ir à Olimpíada.

Judô, skate – que continuará a ter o talento de Rayssa Leal – e boxe também devem levar uma nova geração de mulheres a Los Angeles. •

“Há dois ciclos olímpicos, após ser identifica­da uma oportunida­de de cresciment­o do esporte feminino, o COB começou a investir especifica­mente nas mulheres. Não só atletas, mas também para tentar aumentar o número de treinadora­s e gestoras’’

Mariana Mello, gerente de Planejamen­to e Desempenho Esportivo do COB

Próximos Jogos A Olimpíada de 2028, em Los Angeles, vai ser realizada entre os dias 14 e 30 de julho

 ?? ALEXANDRE LOUREIRO/COB ?? Maria Fernanda Costa foi finalista dos 400 m em Paris; nadadora é uma das apostas para Los Angeles
ALEXANDRE LOUREIRO/COB Maria Fernanda Costa foi finalista dos 400 m em Paris; nadadora é uma das apostas para Los Angeles

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