O Estado de S. Paulo

Pouco sono, ou muito, um risco que ainda está em análise

- DANA G. SMITH

Embora os cientistas estejam confiantes de que existe uma conexão entre o sono e a demência, a natureza dessa conexão é complicada. Pode ser que poucas horas de sono por noite desencadei­em alterações no cérebro que causam a demência. Ou que o sono das pessoas pode ser interrompi­do por algum problema de saúde subjacente que também afeta a saúde do cérebro. E as alterações nos padrões de sono podem ser um sinal precoce da demência em si.

O sono age como um banho noturno para o cérebro, lavando os resíduos celulares que se acumulam ao longo do dia. Durante esse processo, o fluido que envolve as células cerebrais elimina o lixo molecular e o transfere para a corrente sanguínea, onde é filtrado pelo fígado e pelos rins e expelido do corpo. Esse lixo inclui a proteína amiloide, que, segundo se acredita, tem papel fundamenta­l em Alzheimer.

“A falta de sono é suficiente para causar demência? Provavelme­nte não por si só”, diz Sudha Seshadri, diretora fundadora do Instituto Glenn Biggs para Alzheimer e Doenças Neurodegen­erativas no Centro de Ciência em Saúde da Universida­de do Texas, em San Antonio. “Mas parece ser definitiva­mente um fator que aumenta o risco.”

Por outro lado, se uma pessoa tem o hábito de ficar na cama por mais de nove horas por noite ou tira vários cochilos durante o dia, talvez seja sinal de que ela está dormindo muito mal, o que pode aumentar o risco de Alzheimer. Alternativ­amente, a necessidad­e excessiva de sono pode estar relacionad­a a algum problema físico ou mental. “Neste ponto, não há relação causal muito clara entre dormir demais e demência”, diz Diego Carvalho, professor assistente de neurologia no Centro de Medicina do Sono da Clínica Mayo. •

O que se sabe

‘Banho noturno’ para o cérebro inclui a saída da proteína amiloide, que tem papel essencial em Alzheimer

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