Lucro dos quatro maiores bancos sobe 12,9%
Resultado combinado de Itaú, Bradesco, Santander e BB chega a R$ 53,9 bilhões, na esteira de ‘ajuste’ da carteira de crédito
O lucro dos quatro maiores bancos de capital aberto do País (Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander) subiu 12,9% no primeiro semestre deste ano, para R$ 53,925 bilhões, segundo levantamento do Estadão/Broadcast. O impulso nos resultados veio da queda do custo de crédito, fator que deve gerar uma aceleração maior nas concessões na segunda metade do ano.
As despesas dos quatro bancos com provisões tiveram queda de 4,9% no mesmo comparativo, somando R$ 60,993 bilhões na primeira metade de 2024. O número mostra uma inflexão após o pico no custo do crédito no começo do ano passado, período em que as instituições ainda terminavam a “digestão” de empréstimos concedidos em 2021 e 2022 – e que mostrariam depois uma qualidade mais baixa.
“Estamos no final do ciclo de ajuste, e começamos a ver uma inflexão, como na carteira de cartão de crédito”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, na divulgação de lucro de R$ 19,8 bilhões nos seis primeiros meses do ano, semana passada. Entre dezembro de 2022 e o primeiro semestre deste ano, o banco “limpou” a carteira de empréstimos que haviam sido concedidos a clientes de menor renda ou vindos de canais externos, em especial em cartões.
A melhoria permitiu ao banco acelerar o crescimento anual da carteira de crédito – de 2,8%, em março, para 8,9% em julho. A aceleração também foi vista no rival Bradesco, que passou de um crescimento de 1,2% para 5% em três meses, ajudando a desfazer desconfianças no mercado de descumprimento da meta para o ano, de crescimento de pelo menos 7%.
Após cerca de dois anos de torneiras a meio fio para controlar a inadimplência, o banco ajustou os mecanismos de originação e de cobrança, o que permitiu a retomada. O presidente do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que o efeito visto no crédito deve chegar às margens com empréstimos na segunda metade do ano.
SELEÇÃO. Os três maiores bancos privados do País afirmaram que o objetivo é acelerar o crescimento entre públicos de melhor perfil creditício.
O presidente do Santander Brasil, Mario Leão, já disse que “o apetite de crédito na pessoa física não volta aos patamares de 2021”. Em cartões, o banco vendeu no segundo trimestre deste ano dois terços dos plásticos vendidos no quarto trimestre de 2021, pico da série histórica.
A comparação com 2021 tem razão de ser: naquele ano, para fazer frente ao crescimento das fintechs, os bancos tradicionais aceleraram a venda de produtos como cartões de crédito, em especial para clientes que não conheciam e que chegavam à base pelos canais digitais.
O Bradesco informou ao mercado que a concessão de crédito no segmento de pequenas e médias empresas – que continua endividado – não voltou ainda aos patamares de 2019, ano anterior à pandemia da covid-19. •