Emgea estuda comprar ‘créditos estressados’ em plano para setor imobiliário
AEmpresa Gestora de Ativos (Emgea) estuda adquirir os chamados “créditos estressados” de bancos, ou seja, derivados de empréstimos vencidos e com difícil recuperação, para tentar compensar o risco nas compras das carteiras de crédito imobiliário. Outra alternativa seria operar, além de fundo imobiliário, outros tipos de fundos, como de ações, segundo fontes. Como são possibilidades que também envolvem riscos de mercado, a empresa quer respaldo jurídico para evitar que haja punição aos gestores em caso de prejuízo aos cofres da estatal. O desenho final da proposta ainda está sendo discutido entre dirigentes da empresa e o Ministério da Fazenda. A Emgea foi escolhida pelo governo para estimular a formação de um mercado secundário de financiamento imobiliário.
• ALTERNATIVAS. Além da compra das carteiras, um modelo estudado para equalizar estas taxas seria permitir que a Emgea compre cotas subordinadas de um Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI). Na prática, os agentes que comprarem as cotas principais receberiam a remuneração com base no IPCA mais a taxa definida e a estatal só teria retorno se “sobrassem” recursos. As cotas subordinadas são as últimas a receber, já que não podem ser resgatadas antes das cotas seniores.
• MODELO. Diante dos riscos financeiros, as operações ligaram o alerta dos gestores da empresa. Segundo fontes, a saída para evitar prejuízo à estatal seria dividir a atuação. Em uma ponta haveria a criação do fundo para alavancar o mercado imobiliário e na outra, como “compensação”, seria feita a compra de “créditos estressados” dos bancos, por um valor bem abaixo dos empréstimos. Técnicos avaliam que o resultado final da empresa, e não de cada operação, é o que conta para o balanço financeiro.
• COMO. A título de exemplo, funcionaria da seguinte forma: se um indivíduo não pagou uma dívida de R$ 200 milhões com um banco, a estatal poderia, após analisar o processo, comprar o crédito por um valor bem menor, como R$ 20 milhões, e tentar recuperar algo acima deste patamar com o inadimplente. Na avaliação de uma fonte, os bancos não executam essa garantia porque é um processo demorado.
• EM ESTUDO. Outro caminho para compensar o risco envolvendo as carteiras imobiliárias seria criar fundos “mais lucrativos” para atuar no mercado de ações ou de imóveis, por exemplo. O texto do projeto de lei do Acredita permite que a Emgea crie ou participe de fundos de investimentos.
• HÁ RISCO. Apesar de as duas opções serem alternativas estudadas para evitar prejuízo, há também riscos de mercado envolvido. No caso dos créditos estressados, por exemplo, não há garantia de que a empresa vai receber parte da dívida que não foi paga. Dessa forma, a estatal quer garantir um respaldo jurídico no texto do projeto de lei para evitar punição aos gestores caso as operações gerem danos aos seus cofres.
• NEGOCIAÇÃO. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aprovou o pedido do Balcão Agrícola do Brasil (BAB) para funcionar como mercado organizado de balcão e para atuar como entidade administradora de balcão organizado, segundo fontes. A ideia é operar um sistema centralizado e bilateral de negociação, para o encontro e a interação de ofertas de compra e venda.
• FOCO. O BAB deverá oferecer ferramenta de gestão de riscos voltada a participantes do mercado do agronegócio, fornecer instrumentos mais adequados ao hedge no Brasil e criar uma convergência mais adequada aos preços locais de commodities agrícolas, apurou o Estadão/Broadcast. A empresa tem um acordo que permite com que a Rumo faça um aporte de US$ 1 milhão por 10% do capital da controladora do BAB. O BAB projeta receita de R$ 10 milhões no primeiro ano, alcançando R$ 44,4 milhões no terceiro ano, a partir do qual tem expectativa de resultados positivos, contaram pessoas próximas ao negócio.