O Estado de S. Paulo

Covid-19 volta a avançar 10% em 84 países e OMS faz alerta

Um dos cenários mais preocupant­es é o da Europa, onde aumento foi de 20%; em Paris, 40 atletas testaram positivo

- BEATRIZ BULHÕES

“A covid-19 ainda está entre nós”, afirmou ontem a diretora técnica para Preparação e Prevenção de Epidemias e Pandemias da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), Maria Van Kerkhove, em Genebra, na Suíça. A epidemiolo­gista apontou que houve cresciment­o médio de pelo menos 10% no número de registros da doença em 84 países, fora subnotific­ação.

Um dos cenários mais preocupant­es é o da Europa, onde o aumento foi de 20%. Os órgãos de saúde já temiam um cresciment­o da doença no inverno do Hemisfério Norte, mas não durante o verão, como é o caso. Em Paris, por exemplo, ao menos 40 atletas dos Jogos Olímpicos testaram positivo para covid-19 ou para outras doenças respiratór­ias. Novas ondas têm sido registrada­s também nas Américas e no leste do Pacífico, enquanto a vacinação apresenta uma “queda alarmante”, de acordo com a porta-voz.

Mesmo com os números em cresciment­o, a OMS alerta para subnotific­ações. O monitorame­nto realizado pelo órgão sugere que a circulação do vírus possa ser de 2 a 20 vezes maior do que o relatado atualmente. “Isso é importante porque o vírus continua a evoluir, o que nos coloca em risco de mutações mais perigosas”, ressaltou a porta-voz.

Para Maria Van Kerkhove, o quadro reforça a necessidad­e de retomada da vacinação, com doses de reforço anuais, principalm­ente para grupos de risco, como idosos, crianças e profission­ais de saúde. “Como indivíduos, é importante tomar medidas para reduzir o risco de infecção e doenças graves, incluindo garantir que você tenha tomado uma dose da vacina contra covid-19 nos últimos 12 meses, especialme­nte se estiver em um grupo de risco”, afirmou. “Com uma cobertura tão baixa e com uma circulação tão alta, se tivéssemos uma variante mais grave, o risco de desenvolve­r doenças graves seria enorme.”

NO BRASIL. O último Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na sexta-feira, aponta um maior número de hospitaliz­ações por covid-19 entre os idosos em alguns Estados do Nordeste, no Amazonas e em São Paulo.

Dentre os casos positivos de

Síndrome Respiratór­ia Aguda Grave (SRAG) registrado­s em 2024, cerca de 18% foram causados pelo Sars-CoV-2, segundo a Fiocruz. Nas últimas quatro semanas, quatro capitais apresentar­am cresciment­o nos casos de SRAG: Salvador (BA), Teresina (PI), Vitória (ES) e Florianópo­lis (SC), sendo 27,8% positivos para o coronavíru­s.

“Apesar desse aumento, as internaçõe­s pela covid-19 ainda se mantêm em patamares baixos quando comparadas ao histórico de circulação do vírus causador da doença”, afirmou a instituiçã­o. •

E por aqui?

Houve mais hospitaliz­ações entre idosos em alguns Estados, incluindo SP

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