O Estado de S. Paulo

Exército da Rússia afirma ter contido invasão da Ucrânia em região fronteiriç­a

Alguns sites militares, no entanto, afirmam que a situação é grave e relatam ‘batalhas pesadas’ entre russos e ucranianos

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O chefe das Forças Armadas da Rússia, Valeri Gerasimov, afirmou ontem ter contido uma invasão da Ucrânia na região fronteiriç­a de Kursk, conduzida por cerca de mil ucranianos. Moscou ordenou a retirada de moradores em meio a combates intensos. Tropas da Ucrânia chegaram a avançar 15 quilômetro­s no que seria a maior incursão terrestre do tipo desde o início da guerra, em fevereiro de 2022.

Para o presidente russo, Vladimir Putin, a invasão foi uma “provocação em grande escala” perto da cidade de Sudzha. O governo da Ucrânia não se pronunciou. O Kremlin declarou que a reação russa mesclou ataques aéreos, mísseis, artilharia e ações de tropas na direção de Kursk, que “impediram que o inimigo avançasse”.

De acordo com a Rússia, 100 ucranianos morreram e 215 ficaram feridos. Não foram revelados números sobre as vítimas do lado russo, embora fontes independen­tes tenham revelado imagens de dois tanques e um helicópter­o da Rússia destruídos, além de seis soldados detidos.

ROTINA. No entanto, alguns canais geralmente bem informados do Telegram sugeriram que a situação no local não era tão estável quanto o Kremlin dizia. Alguns blogueiros militares descrevera­m as batalhas em Sudzha e nas proximidad­es de Korenevo como “pesadas”.

Ataques ucranianos na fronteira não são incomuns, mas muitas vezes ocorrem com drones e foguetes lançados do território da Ucrânia. As incursões, porém, são pontuais e normalment­e realizadas por paramilita­res russos que se opõem a Putin. Por isso, a ação de ontem chamou a atenção. “Desta vez, não foi o corpo voluntário russo, formado por mercenário­s que lutam com os ucranianos, mas as unidades das Forças Armadas da Ucrânia”, afirmou Roman Svitan, especialis­ta militar ucraniano. LINHA DE FRENTE. Analistas militares ucranianos citados pelo New York Times disseram que o Exército da Ucrânia parece estar tentando desviar as forças russas de outros setores da linha de frente, onde elas vêm atuando por vários meses.

Eles alertam, no entanto, que o Exército da Rússia tem uma grande reserva de soldados para se manter os combates em qualquer parte da região e o ataque de ontem corria o risco de sobrecarre­gar ainda mais as tropas ucranianas, que já estão em menor número. •

Objetivo da Ucrânia seria desviar atenção da Rússia e aliviar pressão na linha de frente em outras regiões

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