‘Martelinho de ouro’ é sucesso fora do Brasil
Empresário curitibano passa até oito meses por ano fora do País a serviço, mas mantém uma oficina em sua cidade
O empreendedor curitibano Daniel Mazur, de 40 anos, é apaixonado por carros desde criança. Ele começou fazendo pequenos reparos em latarias de carros (o chamado “martelinho de ouro”) de forma autodidata e se profissionalizou ao longo dos anos. Inspirado por um amigo, decidiu levar seus conhecimentos ao exterior.
Com cidadania polonesa, Mazur não teve dificuldade para começar a trabalhar na Europa, onde montou a empresa DM Hail Dent Repair e se tornou um prestador de serviços requisitado. No ano passado, faturou cerca de R$ 500 mil.
Mazur conta que passa mais da metade do ano fora do Brasil, prestando serviços a grandes empresas automobilísticas ao redor do mundo. Ao longo dos últimos dez anos, visitou a serviço 19 países, incluindo Alemanha, Suíça, Itália, Espanha, França, Canadá, México e Austrália. Entre seus clientes, estão marcas renomadas como Porsche, Audi, Mercedes-Benz, Cadillac, Lexus, Jeep, Dodge, VW, Renault, Skoda, Fiat, Nissan e GM.
NICHO NÃO ATENDIDO. Mazur aprimorou a técnica do “martelinho de ouro”, um método artesanal de conserto de lataria de veículos. “Atualmente, estou focando em reparar carros de luxo danificados por granizo, um nicho de mercado não atendido”, revela Mazur, que tem concentrado seus trabalhos na Espanha e na França.
Ele explica que, devido à falta de mão de obra local especializada nesse ramo, as empresas procuram seus serviços internacionalmente. Ele ainda mantém sua oficina em Curitiba, a DM Serviços Automotivos. O empresário pretende continuar nessa rotina por mais alguns anos, antes de começar a ensinar sua técnica por meio de cursos, para formar novos profissionais internacionais. “O ‘martelinho de ouro’ é uma técnica que se aprende, mas é preciso ter um certo dom também”, diz Mazur.
Segundo ele, com o avanço da tecnologia e o acesso a informações, o serviço de “martelinho de ouro” se tornou mais rápido e preciso. “O principal benefício dessa técnica é a preservação da pintura original, já que não requer lixamento ou aplicação de massa. Além disso, a técnica é altamente precisa e permite reparos em áreas de difícil acesso, como os cantos do veículo, resultando em um acabamento impecável.”
IDIOMAS. Nos seus primeiros anos de trabalho no exterior, ele lembra que falava apenas um inglês básico e um espanhol mediano, mas a experiência e a demanda internacional o impulsionaram a aprimorar suas habilidades linguísticas. Fundamental, já que passa de 6 a 8 meses do ano no exterior, com a temporada de trabalhos intensos começando em março e indo até novembro.
Ele prefere trabalhar sozinho, e cada serviço é negociado a parte. Em média, realiza cerca de 500 por ano. “Os carros mais baratinhos são os melhores de fazer”, diz. “Dependendo do contrato, os trabalhos podem ser sigilosos, especialmente quando se trata de carros de colecionadores.”
Vanessa Martins, especialista em Internacionalização da ESEG, faculdade do Grupo Etapa, destaca a importância de ter qualificação profissional, formação acadêmica, além de fluência em idiomas, para buscar uma carreira no exterior.
“O primeiro passo é buscar uma formação sólida em instituições de ensino de referência e com boa reputação nacional. Esse background acadêmico será um diferencial durante entrevistas e processos seletivos internacionais”, afirma. Hoje, diz ela, áreas de tecnologia, finanças, cuidados com a saúde (em alguns países), produção de energia e engenharias estão em alta para brasileiros lá fora. •