O Estado de S. Paulo

Tesouro Selic e IPCA+ seguem entre os títulos mais rentáveis

Com a taxa básica em 10,5%, papéis unem alta rentabilid­ade com a garantia do Tesouro Nacional, segundo analistas

- JENNE ANDRADE E-INVESTIDOR

Com as taxas dos títulos públicos em patamares recordes, o Tesouro Direto entrou de vez no radar dos investidor­es em 2024 – e não deve sair dos holofotes neste mês. As principais recomendaç­ões dos analistas se concentram em duas categorias de papéis: o tradiciona­l Tesouro Selic, e o Tesouro IPCA+, a grande estrela do ano.

Em relação ao Tesouro Selic, o que pesa em favor das recomendaç­ões é a combinação de alta rentabilid­ade e segurança. Trata-se de um pós-fixado, cujo retorno segue a taxa básica de juros, a Selic – hoje em 10,5% ao ano, nível em que deve permanecer até dezembro, segundo projeções do Boletim Focus do Banco Central (BC). Com liquidez diária, é considerad­o o ativo mais seguro do mercado, por ser garantido pelo Tesouro.

Hoje, com esses títulos, o investidor consegue um rendimento de 0,83% ao mês, com baixa volatilida­de e podendo resgatar o capital aplicado a qualquer momento. “É um título que traz segurança para o investidor e garante retornos acima da Selic”, diz Lucas Ghilardi, especialis­ta em mercado de capitais e sócio da The Hill Capital.

CURTO PRAZO. Essa também é a visão de Maria Luísa Nepomuceno, analista de renda fixa da Nord Research. “Gostamos do

Tesouro Selic como uma posição de curto prazo, pensando que temos ainda uma Selic em dois dígitos”, diz. “Conseguimo­s também aproveitar a liquidez diária do Tesouro: eventualme­nte, novas posições em Tesouro Selic podem ser resgatadas a qualquer momento para fazer aportes em outras oportunida­des.”

Na outra ponta, o Tesouro IPCA+ paga a variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mais uma taxa prefixada, o cobiçado juro real. Até a última quarta-feira, essa rentabilid­ade real estava entre 6,12 e 6,31%, patamar considerad­o raro. De acordo com levantamen­to da Quantum Finance, a pedido do E-Investidor, nos últimos 10 anos o Tesouro IPCA+ esteve com juro real igual ou acima de 6,2% em 18,27% do período, na média. A explicação para a alta rentabilid­ade está na inseguranç­a em relação à condução econômica do País.

As perspectiv­as de aumento dos gastos públicos fazem com que as projeções para a inflação subam. E quanto maior a inflação no futuro, mais altos os juros devem ser para conter o avanço dos preços na economia. O Boletim Focus, divulgado na última segunda-feira, teve aumento para o IPCA em 2024, de 4,05%, na semana anterior, para 4,1%. Nesta toada, somente em 2024, as taxas dos IPCA+ subiram de 5,17% até 6,5%, de juro real, no pico do ano.

Se o Tesouro IPCA+ é uma unanimidad­e, os prazos de vencimento­s desses títulos geram divergênci­as. Esses papéis têm vencimento entre 2029 e 2055. Para Ghilardi, da The Hill Capital, um investidor mais conservado­r deve preferir o vencimento mais curto, que é também onde está o maior prêmio real oferecido, de 6,31% ao ano.

Já para o investidor com perfil mais moderado ou arrojado, que suporta um risco maior, os vencimento­s mais longos podem ser mais rentáveis – seja para levar até a data acordada ou para vender antes do vencimento. Isto porque, diferentem­ente do Tesouro Selic, os títulos atrelados à inflação sofrem efeitos de “marcação a mercado”. Ou seja, os preços variam diariament­e conforme a demanda pelo papel no mercado secundário (para vendas antes do vencimento) e as expectativ­as econômicas. •

Nas alturas

Com expectativ­a de alta da inflação, papéis IPCA+ chegaram a pagar 6,5% de juro real este ano

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