O Estado de S. Paulo

Governo pede mais tempo para fechar acordo com a Eletrobras

- KAUCZ e R.M. LAVÍNIA

O governo, por meio da Advocacia-Geral da União (AGU), protocolou ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) pedido para prorrogar por mais 45 dias o prazo para a tentativa de conciliaçã­o com a Eletrobras na ação que discute o poder de voto da União no conselho da empresa.

“Embora seja possível afirmar que as tratativas estão em fase conclusiva do processo conciliató­rio, é necessário reconhecer que a complexida­de intrínseca do caso exige a discussão e a finalizaçã­o minuciosa de alguns pontos cruciais”, escreveu o ministro da AGU, Jorge Messias, na petição.

O pedido será analisado pelo relator do caso, Kassio Nunes

Marques. O prazo já foi prorrogado duas vezes, por 90 dias cada, desde dezembro. No ano passado, a AGU ingressou com uma ação no STF alegando que, embora o governo tenha 43% do capital da Eletrobras, há sub-representa­ção no conselho e prejuízo ao Estado.

ELETRONUCL­EAR. Como mostrou o Estadão, o governo Lula

negocia trocar parte das ações que tem na Eletrobras para assumir o controle total da Eletronucl­ear. A venda de ações da União na Eletrobras deve ficar entre 1% e 2%, segundo interlocut­ores do governo ouvidos pela reportagem.

O acordo está em ajuste e tem no escopo a participaç­ão da União no conselho administra­tivo da empresa privatizad­a em 2022. A avaliação é de que aspartes estão dispostas aceder nas negociaçõe­s.

A Eletrobras não tem interesse na Eletronucl­ear, por sua “estratégia” de energia renovável, apurou a reportagem. A energia nuclear, que tem urânio na cadeia de suprimento, não é considerad­a renovável.

Além do número de conselheir­os, a União quer que a Eletrobras antecipe parte dos R$ 32 bilhões que deverão ser pagos pela empresa ao longo de

Reclamação União se queixa que tem 43% das ações, mas é sub-representa­da no conselho de administra­ção

25 anos a título de outorga. A demanda é de que a empresa antecipe cerca de R$ 26 bilhões, sendo uma parte neste ano e outra em 2025.

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