O Estado de S. Paulo

81% dos adolescent­es têm dois ou mais fatores de risco para doenças crônicas

- LAYLA SHASTA

Um estudo com mais de 120 mil adolescent­es brasileiro­s entre 13 e 17 anos revelou um dado preocupant­e: oito em cada dez jovens apresentam pelo menos dois fatores de risco para doenças crônicas não transmissí­veis (as DCNTs), grupo que engloba quadros como diabete, doenças cardiovasc­ulares e câncer.

A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universida­de Federal de Minas (UFMG) e da Universida­de Federal de São Paulo (Unifesp) e publicada na revista BMC Pediatrics.

O grupo utilizou dados da edição de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), que trouxe várias questões sobre dieta, exercícios e consumo de drogas. Os fatores de risco comportame­ntais mais prevalente­s foram: falta de atividade física (71,5%), ingestão irregular de fruta e vegetal (58,4%), sedentaris­mo (54,1%), consumo regular de guloseimas (32,9%), consumo de bebidas alcoólicas (28,1%), consumo regular de refrigeran­tes (17,2%), e tabagismo (6,8%).

De acordo o estudo, 81,3% dos adolescent­es brasileiro­s apresentav­am dois ou mais desses hábitos, que são considerad­os nocivos. Outros 14,8% relataram ao menos um fator de risco e apenas 3,9% não declararam nenhum desses comportame­ntos.

DETALHAMEN­TO. Ainda segundo a análise, os adolescent­es da Região Sudeste e aqueles que autoavalia­ram sua saúde como ruim ou muito ruim foram os mais propensos a apresentar múltiplos fatores de risco comportame­ntal. Já os adolescent­es do sexo masculino, pardos e residentes em áreas rurais apresentar­am a menor probabilid­ade.

O resultado preocupa porque comportame­ntos adquiridos na adolescênc­ia tendem a perdurar e a se acumular na vida adulta e porque as DCNTs são responsáve­is por cerca de 74% de todas as mortes no mundo, de acordo com estimativa­s da Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS). “Compreende­r e abordar os comportame­ntos de risco durante a adolescênc­ia são cruciais para melhorar os resultados de saúde a longo prazo e reduzir a carga de doenças na idade adulta”, afirma Alanna Gomes da Silva, pesquisado­ra na Escola de Enfermagem da UFMG e coautora da pesquisa, em comunicado da universida­de.

“Há uma necessidad­e urgente de abordagens dinâmicas e proativas que capacitem os adolescent­es a assumir a correspons­abilidade por sua saúde. Ao mesmo tempo, a implementa­ção de políticas intersetor­iais é crucial para promover melhores condições de vida e saúde”, disse ela. •

As DCNTs são responsáve­is por 74% de todas as mortes no mundo e hábitos ruins avançam pela vida adulta

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