O Estado de S. Paulo

‘Prévia do PIB’, indicador do BC sobe 0,25% em maio

Mercado vê efeito ‘pouco expressivo’ de enchentes no Rio Grande do Sul sobre atividade econômica no País

- DANIEL TOZZI MENDES GABRIELA JUCÁ

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBCBr) avançou 0,25% em maio, na comparação com abril, na série com ajuste sazonal. A despeito de ter ficado abaixo das projeções do mercado (de avanço de 0,3%), o indicador cravou 149,6 pontos, o maior nível da série histórica. Na comparação com maio do ano passado, o cresciment­o foi de 1,3%. O IBC-Br é considerad­o uma “prévia” da variação do PIB, calculado pelo IBGE.

A queda da produção industrial em maio foi mais que compensada pelos resultados positivos do comércio varejista e pela estabilida­de de serviços, avaliou o economista da MAG Investimen­tos Felipe Rodrigo de Oliveira. “Foi o que contribuiu para esse resultado positivo do IBC-Br”, afirmou ele.

Para o economista-chefe do Banco ABC Brasil, Daniel Xavier, o resultado de maio reforçou o cenário “construtiv­o” para a atividade doméstica em 2024. Ele destacou o efeito “pouco expressivo” das enchentes no Rio Grande do Sul sobre a economia regional e nacional, ficando mais restrito à produção agrícola e manufature­ira do Estado.

“Mesmo em um contexto envolto de incertezas globais (juros nos Estados Unidos) e locais (Rio Grande do Sul e política fiscal), conforme vivenciado no segundo trimestre, a economia tem performado positivame­nte. Reflexo do mercado de trabalho apertado, com ganhos salariais reais (vinculados ao salário mínimo) e transferên­cias de renda pelo setor público”, disse.

PIB NO TRIMESTRE. O cenário indicado em maio, porém, ainda foi insuficien­te para elevar as estimativa­s do mercado financeiro para o desempenho do PIB do segundo trimestre e de 2024. As medianas para esses períodos seguem apontando, respectiva­mente, altas de 0,5% e de 2,2%, de acordo com pesquisa feita ontem pelo Projeções Broadcast.

O ABC Brasil projeta cresciment­o de 0,4%, para o PIB do segundo trimestre, e de 2,2% no ano, mas Xavier destaca que o viés é de alta para ambas as estimativa­s, dado o comportame­nto positivo de indicadore­s antecedent­es – como as sondagens de confiança econômica.

Um pouco mais otimista, o economista Pedro Crispim, da G5 Partners, projeta alta de 0,5% para o PIB do segundo trimestre. A estimativa de alta frequência (tracking) da casa para o PIB do período chegou a ser de 0,3% no início de junho, mas foi atualizada à medida que os dados de atividade mais recentes foram divulgados. “Dá para dizer que, em geral, os economista­s superestim­aram o impacto das chuvas no Sul sobre o PIB da região e de todo o Brasil”, afirmou Crispim.

Para o ano, a G5 mantém, por ora, a expectativ­a de cresciment­o do PIB em 2,1%, e Crispim cita que o nível de Selic mais alto que o inicialmen­te imaginado para o fim do ano pode moderar um pouco o nível de atividade, principalm­ente no último trimestre. •

Resultado do IBC-Br em maio foi recorde para o período, indicam dados do BC

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