O Estado de S. Paulo

Boulos defende ato que livrou Janones de processo na Câmara

Pré-candidato do PSOL sustentou seu parecer no Conselho de Ética pelo arquivamen­to de representa­ção por suspeita de ‘rachadinha’

- BIANCA GOMES

Pré-candidato do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos (PSOL-SP) defendeu ontem, em sabatina promovida pelo site UOL e pelo jornal Folha de S.Paulo, o seu parecer no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados que pediu o arquivamen­to da representa­ção contra o deputado federal André Janones (Avante-MG) pela suposta prática de “rachadinha”. Segundo ele, rachadinha é crime, “independen­te de quem faça”, seja “o Flávio Bolsonaro” ou o “Janones”, mas não se pode usar “dois pesos e duas medidas” no colegiado.

“Acredito, independen­te de quem faça, que rachadinha é crime. Se for o Flávio Bolsonaro é crime. O Janones, é crime. Quem quer que seja. O que eu não posso é usar dois pesos e duas medidas. Temos uma jurisprudê­ncia no Conselho de Ética da Câmara que diz o seguinte: o que ocorre antes do atual mandato como parlamenta­r não pode ser julgado. O que pode ser julgado é o que ocorre neste mandato”, disse Boulos, citando que deputados bolsonaris­tas que teriam estimulado o 8 de Janeiro e não foram julgados pelo colegiado porque ainda não haviam tomado posse.

“Se um critério é utilizado para os bolsonaris­tas, esse mesmo critério precisa ser usado para quem é do outro campo ideológico”, afirmou.

Ainda que Boulos afirme que o fato ocorreu antes do começo do mandato, o Estadão revelou que a gravação mostrando a suposta prática de rachadinha foi feita em 5 de fevereiro de 2019, um dia antes da sessão inaugural do Congresso.

‘POSIÇÃO’. Boulos também saiu em defesa do pedido de voto que o presidente Lula fez para a sua pré-candidatur­a no ato de 1.º de Maio com as centrais sindicais, em São Paulo. Na ocasião, o petista fez um apelo para que seus eleitores votassem no deputado do PSOL para prefeito de São Paulo, o que é vedado pela legislação eleitoral. Apesar de Lula ter sido condenado a pagar uma multa de R$ 20 mil, Boulos disse que o aliado não errou.

“Não era um ato público de governo. Era das centrais sindicais.

Ele ( Lula) emitiu a posição dele de voto”, sustentou Boulos, que antes havia criticado o prefeito Ricardo Nunes (MDB), seu adversário na corrida eleitoral, por uso da máquina pública na précampanh­a. “Eu não acho que o presidente errou. Expressou a posição dele no 1.º de Maio, num ato das centrais sindicais que não era um ato oficial de governo”, seguiu ele, ignorando que o evento chegou a ser transmitid­o no canal oficial da Empresa Brasil de Comunicaçã­o (EBC), que depois apagou o vídeo.

Boulos voltou a colar Nunes em Bolsonaro e disse ver a polarizaçã­o na campanha de SP como ‘inevitável’

TARIFA ZERO. Questionad­o se irá manter e ampliar a tarifa zero na cidade, uma bandeira histórica de seu partido, o PSOL, Boulos respondeu que é um defensor da medida, mas que ela só pode ser feita após o fim dos subsídios ao transporte público. Ele não deixou claro se irá manter o programa aos domingos implementa­do pela atual gestão. •

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