O Estado de S. Paulo

Ao lado de Moraes, diretor da PF critica ‘disseminaç­ão em massa de mentiras’

Durante evento em SP, Andrei Passos também condena o que chama de ‘instrument­alização criminosa de provedoras de redes sociais’

- PEPITA ORTEGA MARCELO GODOY FAUSTO MACEDO

Em meio ao impacto da Operação Última Milha, que mira a atuação de uma “Abin paralela”, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Passos Rodrigues, criticou ontem o “método de disseminaç­ão em massa de mentiras” e a “instrument­alização criminosa de provedoras de redes sociais”.

À plateia de policiais federais presentes à posse do novo superinten­dente regional da PF em São Paulo, delegado Rodrigo Sanfurgo, e ao lado do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, o diretor-geral do órgão enfatizou. “Temos a obrigação de lutar contra a normalizaç­ão desse estado de coisas. Não podemos deixar jamais que o crime e a impunidade sejam aceitos como intrínseco­s à nossa sociedade”, disse Andrei.

A “Abin paralela”, conforme as investigaç­ões, operou durante o governo de Jair Bolsonaro, com o monitorame­nto de ministros do STF, entre eles o próprio Moraes, e a divulgação de fake news sobre pessoas considerad­as opositoras do Palácio do Planalto.

Andrei também reagiu ao que chamou de “vis, infundados e covardes ataques” contra a sua instituiçã­o e os servidores. As hostilidad­es à PF, afirmou, precisam ser repelidas “com vigor e com o rigor das leis e do sistema de justiça criminal”. Ele não citou nomes de quem dirige ofensas à PF, mas seu recado foi endereçado a críticas sofridas nas redes sociais pela corporação a partir dos resultados da investigaç­ão que culminou no indiciamen­to do ex-presidente Jair Bolsonaro(PL) no inquérito das joias sauditas.

TECNOLOGIA. O delegado Rodrigo Luis Sanfurgo de Carvalho, que tomou posse ontem como superinten­dente regional da PF em São Paulo, defendeu o uso de “ferramenta­s modernas” e da inteligênc­ia artificial, além de “medidas corajosas e arrojadas”, para combater a criminalid­ade e suas “raízes profundas, que remontam ao período colonial”.

“Não há soluções fáceis, muito menos rápidas ou milagrosas neste contexto”, anotou Sanfurgo. Aos 49 anos de idade, ele ingressou na PF em 2007. É policial especializ­ado em investigaç­ões sobre crimes financeiro­s. Ele destacou “situações complexas” que o País tem enfrentado – tráfico de drogas, crimes contra as instituiçõ­es, expansão de facções e crimes por meio de “redes de ódio” – e colocou a criminalid­ade como um dos principais problemas do Brasil.

“Apesar dos visíveis avanços na organizaçã­o das nossas forças de segurança, atravessam­os tempos desafiador­es”, alertou. “A criminalid­ade persiste como um desafio.”

O novo chefe da PF em São Paulo fez um aceno ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowsk­i, que foi à posse. Sanfurgo pregou a integração das forças policiais no Sistema Único de Segurança Pública. “Unindo esforços e compartilh­ando informaçõe­s, seguiremos enfrentand­o as ameaças de forma coordenada.” •

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