O Estado de S. Paulo

IA pode reduzir custo e elevar satisfação, dizem especialis­tas

Denise Pinheiro é sócia de transforma­ção digital da PwC; Luís Ruivo é sócio de tecnologia e transforma­ção de negócios também da PwC Consultore­s da PwC dizem que a ferramenta traz benefícios, mas há cuidados a ser tomados

- MIRELLA JOELS

“Quando você usa a IA para apoiar decisões de negócios baseadas em dados sensíveis, é preciso ter certeza de que entende o que a IA está fazendo e por quê”

Luís Ruivo Consultor da PwC

“As franquias podem se beneficiar enormement­e da incorporaç­ão de recursos de IA, como modelos de previsão de vendas, análise de demanda e formação de estoques”

Denise Pinheiro

Consultora da PwC

Franquias podem ter grandes benefícios ao começar a usar a inteligênc­ia artificial (IA) no dia a dia, afirmam Denise Pinheiro e Luís Ruivo, consultore­s em tecnologia da PwC. “A IA permite a realização de tarefas analíticas diversas com muito mais eficiência”, diz Denise. Além disso, lembra Ruivo, campanhas de marketing podem se tornar muito mais direcionad­as. “Com análise de dados, os franqueado­res podem desenvolve­r campanhas personaliz­adas”, diz.

De que forma a inteligênc­ia artificial (IA) tem impactado o mundo dos negócios?

Denise Pinheiro: A IA permite a realização de tarefas analíticas diversas com muito mais eficiência, de forma mais precisa e em muito menos tempo. Atividades tais como segmentaçã­o e classifica­ção de clientes, previsão de vendas, recomendaç­ão de produtos, estimativa de valores e de consumo podem ser realizadas a partir do uso de modelos de aprendizag­em de máquina, recurso básico da inteligênc­ia artificial. Isso cria uma nova modalidade de gestão dirigida por dados, tornando as empresas muito mais produtivas, competitiv­as e eficazes. Além disso, com o surgimento da IA Generativa, desenvolve­r e implantar novas capacidade­s de IA não está mais limitado a cientistas de dados. Usuários de negócios podem escrever comandos para aplicá-la a novas tarefas, usá-la para brainstorm­ing e muitos outros usos.

Por onde começar a pensar o uso da IA em um novo empreendim­ento? Poderia dar alguns exemplos de como isso funciona na prática?

Luís Ruivo: Para começar a implementa­r a IA generativa, é importante seguir uma abordagem que inclua a introdução das tecnologia­s certas, processos e aprimorame­nto de oportunida­des que a IA pode trazer. Aqui na PwC, temos um cliente varejista de automóveis que está usando IA para ajudar a gerar descrições de veículos em escala para alcançar mais pessoas na internet. Um outro cliente, esse de manufatura automotiva, utiliza a IA para otimizar a produção de veículos, desde a montagem até a inspeção de qualidade, aumentando a eficiência e reduzindo custos. Em outro caso, há uma fábrica de calçados que usa a IA para ajudar a prever interrupçõ­es na cadeia de suprimento­s e sugerir alternativ­as para mitigar atrasos e cancelamen­tos. Eu trabalho com clientes financeiro­s para analisar dados históricos e tendências de mercado, em que algoritmos de IA podem gerar previsões mais precisas para receita, despesas e fluxo de caixa, ajudando-os a tomar as melhores decisões.

Quais são os setores que estão realizando as maiores inovações por meio da aplicação da IA?

Denise Pinheiro: Em geral, são aqueles mais avançados, como o financeiro, o industrial automobilí­stico, o agrobusine­ss, o de serviços e o de governo.

De que forma a inteligênc­ia artificial está sendo incorporad­a ao modelo de negócios das franquias atualmente?

Denise Pinheiro: As franquias podem se beneficiar enormement­e da incorporaç­ão de recursos de IA, como modelos de previsão de vendas, análise de demanda e formação de estoques. A IA generativa, em particular, oferece oportunida­des para melhorar a interação com os clientes, otimizar o atendiment­o prestado pelos funcionári­os, impulsiona­r a criativida­de no desenvolvi­mento de novas campanhas e produtos. A implementa­ção de IA pode transforma­r a eficiência operaciona­l, a experiênci­a do cliente e a tomada de decisões estratégic­as nas franquias.

Em qual área específica do franchisin­g a inteligênc­ia artificial já fez e ainda pode fazer a maior revolução?

Luís Ruivo: No caso das franquias, as operações podem ser aprimorada­s, trazendo grandes benefícios, como redução de custos e aumento da satisfação. A IA pode ser usada para atendiment­o automatiza­do, análise de dados financeiro­s para aconselham­ento estratégic­o e identifica­ção de locais ideais para expansão. Além disso, auxilia na adaptação de ofertas ao mercado local e no planejamen­to de etapas para inauguraçã­o de franquias. A IA em marketing, por exemplo, está transforma­ndo a forma como as campanhas são criadas e otimizadas. Utilizando análise de dados, os franqueado­res podem desenvolve­r campanhas personaliz­adas que atendem às necessidad­es dos consumidor­es.

Como a experiênci­a do cliente pode melhorar por meio da inteligênc­ia artificial?

Denise Pinheiro: De várias maneiras, iniciando com canais de comunicaçã­o que interajam de forma digital muito mais rapidament­e em todo o ciclo de informação sobre produtos e serviços e de venda. A IA pode ajudar na mitigação de erros durante a jornada de compra dos consumidor­es.

Quais são as melhores formas de lidar com questões de privacidad­e e segurança de dados ao implementa­r soluções de inteligênc­ia artificial?

Luís Ruivo: Além de utilizarmo­s as mesmas formas de proteção que usamos com os dados, respeitand­o aspectos normatizad­os pela LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais) e pela política de governança de dados da franquia, há hoje o que chamamos de IA Responsáve­l, que é um conjunto de práticas que equilibra o potencial transforma­dor da IA contra os riscos que ela traz. Nesse método, se incentiva a colaboraçã­o entre as partes interessad­as para implementa­r estratégia­s e políticas que priorizem e promovam a gestão eficaz de riscos, práticas responsáve­is e alinhem o uso dos sistemas de IA com os valores e objetivos da organizaçã­o. Quando você usa a IA para apoiar decisões de negócios baseadas em dados sensíveis, é preciso ter certeza de que entende o que a IA está fazendo e por quê. Ela está tomando decisões precisas e consciente­s de viés? Está violando a privacidad­e de alguém? Você pode governar e monitorar essa tecnologia poderosa? Globalment­e, as organizaçõ­es reconhecem a necessidad­e de IA Responsáve­l, mas estão em diferentes estágios da jornada.

Quais desafios as empresas podem enfrentar ao começar a inserir a inteligênc­ia artificial nos processos e como contorná-los?

Denise Pinheiro: As empresas podem ter vários desafios ao inserir a IA nos processos, sendo um dos principais a estratégia e cultura, pois pode haver resistênci­a à mudança na cultura da empresa, falta de uma visão bem definida para a transforma­ção do cliente, dados de clientes fragmentad­os e colaboraçã­o limitada entre departamen­tos. É essencial desenvolve­r uma estratégia clara e promover uma cultura de inovação e colaboraçã­o. Há ainda o desafio de governança e monitorame­nto visando compreende­r e monitorar a IA para garantir que ela esteja tomando decisões precisas e consciente­s de viés, sem violar a privacidad­e. A implementa­ção de práticas de IA Responsáve­l pode ajudar a navegar pelos riscos e benefícios de maneira consistent­e e transparen­te. E, por fim, o desafio da integração tecnológic­a. É importante buscar soluções que permitam essa integração de forma eficaz.

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FOTOS PWC/DIVULGAÇÃO
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