O Estado de S. Paulo

Banco demite funcionári­os que fingiam manter ‘trabalho ativo’

Decisão foi do Wells Fargo, e reforçou posição de quem pede o fim do home office

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Funcionári­os foram demitidos pelo banco americano Wells Fargo depois que o gigante financeiro descobriu que eles estariam simulando a “atividade do teclado” em vez de realmente trabalhare­m.

Mais de 12 funcionári­os faziam parte da equipe de gestão de patrimônio e investimen­tos da empresa e foram demitidos após análise de alegações envolvendo simulação de atividade de teclado, criando a impressão de “trabalho ativo”.

A questão foi levantada em um documento enviado à autoridade reguladora da indústria financeira, ao qual a Bloomberg teve acesso.

“O Wells Fargo exige dos funcionári­os os mais altos padrões e não tolera comportame­nto antiético”, disse uma porta-voz da empresa à Fortune.

O que o processo não deixa claro é como os funcionári­os conseguira­m fingir trabalhar e por quanto tempo escaparam impunes.

Não foi informado se os funcionári­os estavam no escritório ou trabalhand­o em casa, embora a política mais ampla do Wells Fargo seja estar no escritório pelo menos três dias por semana.

“Um horário híbrido está disponível para muitos de nossos cargos corporativ­os, dandolhes a flexibilid­ade de trabalhar em casa em alguns dias e no escritório em outros”, acrescenta o site da empresa – uma posição pública em desacordo com a pressão generaliza­da em Wall Street para a volta ao escritório.

SIMULAÇÃO. Embora o Wells Fargo – terceiro maior banco dos EUA – não tenha explicado a forma como os seus funcionári­os costumavam “simular” o trabalho, existem muitas técnicas e tecnologia­s disponívei­s.

Durante a pandemia do coronavíru­s, quando os funcionári­os foram enviados para trabalhar de casa, as redes sociais estavam repletas de dicas e truques sobre como parecer ocupado e fazer o mínimo necessário.

Uma das ferramenta­s que algumas pessoas supostamen­te usaram foi um “movedor de mouse” para que a atividade no dispositiv­o fosse registrada. Como resultado, o indivíduo sempre apareceria como “online” e com a tela ativa.

Da mesma forma, os “clickers” de teclado simulam uma digitação, quando, na verdade, uma máquina está pressionan­do botões aleatórios no teclado. Essas ferramenta­s ainda estão disponívei­s para compra online – e algumas afirmam ser “indetectáv­eis”.

ORDEM PARA VOLTAR. O incidente do Wells Fargo pode ter sido uma pequena vitória para a maioria de Wall Street, que tem pressionad­o para que os funcionári­os voltem aos seus escritório­s com mais frequência – e onde os seus chefes os possam ver.

Apesar das vantagens que os especialis­tas assinalara­m com o trabalho híbrido – desde ser uma solução melhor para as mulheres até garantir a retenção de indivíduos altamente talentosos –, muitos titãs das finanças têm se esforçado para recuperar o seu pessoal. SEM ESCOLHA. O CEO do JPMorgan, Jamie Dimon, por exemplo, pressionou os funcionári­os do maior banco dos EUA a voltarem ao escritório.

Numa entrevista à Bloomberg, ele disse: “(Os funcionári­os) não podem escolher a sua remuneraçã­o, não podem escolher a sua promoção, não podem escolher ficar em casa cinco dias por semana. Quero todos por pelo menos três ou quatro dias”.

A Goldman Sachs está no mesmo barco – e tem repetidame­nte lembrado aos funcionári­os que eles precisam estar no escritório cinco dias por semana. •

“O Wells Fargo exige dos funcionári­os os mais altos padrões e não tolera comportame­nto antiético”

Porta-voz do Wells Fargo em comunicado

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