O Estado de S. Paulo

Putin e Zelenski negam discutir paz, diz Lula

Na Itália, presidente afirma que negociação de paz só será efetiva se os dois lados participar­em; líderes se reúnem na Suíça

- SOFIA AGUIAR

O presidente Lula disse ontem que o Brasil só participar­á de reuniões para discutir a paz quando a Ucrânia e a Rússia estiverem sentadas à mesa de negociação. Em sua avaliação, há ainda resistênci­a do líder russo, Vladimir Putin, e do ucraniano, Volodmir Zelenski, em discutir um acordo para por fim ao conflito.

Lula disse ter se reunido com a presidente da Confederaç­ão Suíça, Viola Amherd, que é anfitriã da cúpula na Suíça para discutir a paz na Ucrânia. No encontro, ela convidou o petista para participar da reunião que ocorre neste fim de semana com a ausência da Rússia. “Disse a ela que o

Brasil tinha tomado a decisão de não ir, porque o Brasil só participar­á de reunião para discutir paz quando os dois lados do conflito estiverem sentados à mesa. Porque não é possível você ter uma guerra com dois e achar que se reunir só com um, você resolve o problema”, disse Lula na Itália, onde participa da Cúpula do G-7.

Desde que assumiu o governo, Lula tem dado declaraçõe­s

sobre a guerra na Ucrânia que tem sido considerad­as por líderes do Ocidente como favoráveis à Rússia. O Brasil afirma manter uma política de neutralida­de.

Na avaliação do presidente, ainda há muita resistênci­a tanto de Zelenski como de Putin de conversar sobre a paz. “Cada um tem a paz na sua cabeça, do jeito que quer. Quando os dois tiverem disposição, estamos

prontos para discutir”, declarou Lula. Ele ainda disse que a “guerra está durando demais” e pediu que o “bom senso” tome conta da cabeça dos líderes.

CRÍTICAS À ONU. Lula também criticou a Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) nas declaraçõe­s de ontem. Segundo ele, o órgão tem uma parcela de responsabi­lidade nos conflitos na

Ucrânia e na Faixa de Gaza. “Não tem muita veracidade”, comentou Lula sobre os esforços da ONU para a paz.

Para ele, se os representa­ntes da ONU estivessem assumindo papel de neutralida­de, “possivelme­nte estaríamos numa mesa de negociação”. O presidente ainda afirmou que o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, não deseja paz em Gaza.l

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LUDOVIC MARIN / AFP Lula e o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante o G-7

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