O Estado de S. Paulo

Arcabouço fiscal de Haddad tem incoerênci­a interna e não funciona, dizem economista­s

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No momento em que o governo federal é pressionad­o a rever os gastos públicos, tem ganhado força entre economista­s, mas também dentro do Planalto, a avaliação de que o arcabouço fiscal desenhado pelo Ministério da Fazenda e aprovado pelo Congresso há menos de um ano precisará ser revisto já em 2025. Para a diretora de macroecono­mia do Santander, Ana Paula Vescovi, o arcabouço tem uma contradiçã­o interna. “Tem um grupo de despesas indexadas à arrecadaçã­o. Então, ainda que o governo consiga bilhões para fazer frente ao equilíbrio nas contas prometido até 2026, isso implicaria, automatica­mente, um aumento de gastos que não cabe no teto do arcabouço, que seria destruído”, afirmou a economista em entrevista ao vodcast Dois Pontos, do Estadão.

• ANÁLISE. Para o economista­chefe da MB Associados, Sergio Vale, o arcabouço fiscal, como está, não funciona. “Terá que ser alterado de novo, de alguma forma, com muita dificuldad­e no ano que vem. A gente vai ter que ter no próximo mandato um arcabouço fiscal que olhe com mais equilíbrio para arrecadaçã­o e gasto.”

• SEM SAÍDA. Nas contas do economista, se mantido o nível de despesas, não há possibilid­ade de o governo Lula cumprir a meta de déficit zero em 2025, e nem chegar ao superávit no ano seguinte. Ou seja, ou o presidente começa a cortar gastos neste ano eleitoral, ou obrigará o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a alterar de novo a meta fiscal.

• BUSCA... Bancos públicos promovem na terça-feira em Belém um “tira-dúvidas” para empresário­s conhecerem linhas de crédito voltadas à hotelaria local. O dinheiro vem do Fundo Geral do Turismo (Fungetur).

• ...ATIVA. O foco do programa é ampliar o número de leitos e melhorar a infraestru­tura hoteleira antes da COP-30, marcada para novembro de 2025 na capital paraense. A hospedagem ainda é um gargalo para o evento.

• VEJA... Não fosse o veto do governo à PEC das Praias, o ministro do Turismo, Celso Sabino, sinaliza nas entrelinha­s que estaria disposto a discuti-la. “Estamos falando de praias inóspitas, fora da rota, sem infraestru­tura. Ninguém quer fechar Ipanema”, avaliou à Coluna. “Qualquer pessoa que tenha dois neurônios sabe que não é isso”, alfineta.

• ...BEM. Na avaliação do ministro, a PEC acabou inviabiliz­ada pela repercussã­o negativa. “Não vejo temperatur­a para discutir o assunto, dada a versão que se criou”, disse. “São praias que ninguém vai, que poderiam, com projetos de infraestru­tura, trazer bilhões de dólares ao País, gerando emprego e renda”, emendou.

• MEIO-TERMO. Com a sinalizaçã­o de que o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), entregará a vice a Pedro Paulo (PSD), as cúpulas de PT e PSOL vão negociar um salvo-conduto a petistas que quiserem apoiar Tarcísio Motta (PSOL). Formalment­e, o PT ficará com Paes, de olho em 2026.

• RAZÕES. Liderada por Lindbergh Farias, uma ala do PT quer apoiar Motta não só pela recusa de Paes em entregar a vice, mas por seus acenos à direita, como ter mantido Chiquinho Brazão no secretaria­do até dias antes da prisão como possível mandante do assassinat­o de Marielle.

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