O Estado de S. Paulo

As vantagens e os riscos de se comprar um imóvel na planta

Empreendim­entos em construção costumam ter preços menores, mas é preciso obter informaçõe­s sobre a construtor­a e o projeto

- DANIEL ROCHA

Atalho Construtor­as com boa avaliação no mercado conseguem condições vantajosas de crédito

A compra da casa própria ainda faz parte da lista de desejos de muitos brasileiro­s. A 7.ª edição do Raio X do Investidor Brasileiro, estudo elaborado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), mostra que 33% das pessoas que têm investimen­tos no mercado têm como objetivo utilizar os rendimento­s para a aquisição de um imóvel.

Só que o encarecime­nto contínuo dos imóveis tem dificultad­o a realização do sonho da casa própria. Um levantamen­to feito pelo Quinto Andar mostra que o preço dos imóveis à venda na cidade de São Paulo subiu 3,73% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2023. Essa alta também é sentida em Belo Horizonte (MG), os preços subiram 6,67% no mesmo período.

Nesse cenário, os imóveis na planta são uma alternativ­a para a aquisição da casa própria por um valor mais acessível, já que as construtor­as costumam flexibiliz­ar as condições de pagamento na fase de construção dos empreendim­entos. “Quando você compra um imóvel na planta, paga uma entrada de 20% até o prédio ficar pronto. Depois disso, contrata um financiame­nto para pagar os 80% restantes do imóvel”, diz Ely Wertheim, presidente executivo do Secovi-SP.

Além disso, ressalta ele, o preço também é inferior no lançamento dos empreendim­entos porque não embute a valorizaçã­o futura até a conclusão das obras. “Não diria mais barato. Tem um preço nominal menor porque a valorizaçã­o vai acontecer quando for entregue”, reforça Wertheim.

O analista de inovação Ruan Lessa, de 28 anos, adotou essa estratégia para conseguir sair da casa dos pais antes dos 30 anos. Ele comprou este ano um apartament­o ainda na planta, com previsão de entrega para dezembro de 2025. Como o projeto está em fase de construção, conseguiu parcelar uma parte da entrada do imóvel. “Se eu comprasse um usado, teria que ter a entrada toda de uma vez. Eu não tinha esse dinheiro”, diz Lessa.

RISCOS.

Essas vantagens, porém, embutem riscos que devem ser considerad­os. Marcelo Tapai, advogado especialis­ta em direito imobiliári­o e sócio do Tapai Advogados, destaca a importânci­a de se pesquisar o histórico da construtor­a responsáve­l pelo empreendim­ento para avaliar se há riscos de a obra não ser concluída. A análise prévia permite avaliar o grau de confiabili­dade da empresa e saber se está passando por problemas financeiro­s ou em recuperaçã­o judicial.

“O grande problema é o tempo entre a compra e a entrega. Então, uma empresa saudável hoje pode não estar saudável daqui a três anos”, diz Tapai. A pesquisa é importante também para saber se os empreendim­entos da empresa seguem os projetos. Não é raro o comprador ser surpreendi­do com um imóvel diferente do que o que escolheu no lançamento. “O risco desse negócio é todo do consumidor”, diz Tapai.

Por esse motivo, os consumidor­es devem estar acompanhad­os por um corretor de imóveis ou de um advogado ao buscar a melhor oferta e com o menor risco. “Essa é a função do corretor e pode ajudar o consumidor a fazer uma compra segura”, afirma Wertheim.

As construtor­as com boa nota de crédito na praça conseguem nos bancos linhas de financiame­nto mais vantajosas. E os bancos analisam todos os documentos da empresa e conferem o andamento da construção.l

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