Conta do governo com as enchentes no Sul já chega a R$ 20 bilhões
A calamidade no Rio Grande do Sul exigiu do governo federal a liberação de R$ 20 bilhões em “dinheiro novo” do Orçamento até agora. O valor pode aumentar, pois não há um limite estipulado para as ações nem um cálculo do impacto real da tragédia na vida das pessoas, empresas e na infraestrutura do Estado.
O gasto, mesmo fora da meta de resultado primário (neste ano, a meta do governo é zerar o déficit, com tolerância de 0,25% do PIB), deve impactar no déficit geral das contas públicas e exigir esforços maiores para controlar o endividamento, que cresce e será impactado pelas medidas de ajuda ao Rio Grande do Sul. Além disso, a tragédia deve levar o Estado a uma recessão econômica em 2024, o que também afeta a economia nacional.
“As medidas do governo são necessárias, mas tudo isso acaba sinalizando um cenário bastante complicado e ainda há uma hesitação para saber o tamanho do estrago. A situação vai piorar antes de melhorar”, afirma João Pedro Leme, analista da Tendência Consultoria.
Os R$ 20 bilhões consideram apenas as medidas que demandaram dinheiro novo do Orçamento, não previstas anteriormente, como aporte para financiamentos a empresas, auxílio para pessoas desabrigadas, obras em estradas e repasses para o governo e municípios gaúchos. Não inclui, portanto, as antecipações de crédito, o refinanciamento das dívidas e o pagamento de recursos que já estavam programados.
ARROZ IMPORTADO. O maior gasto é com a compra de arroz importado, cerca de R$ 6,7 bilhões. Em seguida, está o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), com aporte de R$ 4,5 bilhões. O apoio financeiro às famílias desalojadas ou desabrigadas
“As medidas são necessárias, mas acabam sinalizando um cenário complicado” João Pedro Leme
Analista da Tendências
após as enchentes, batizado de Auxílio Reconstrução, vai custar R$ 1,2 bilhão.
Para as estradas federais, até agora, foram destinados mais R$ 1,2 bilhão. O emprego das Forças Armadas no socorro às vítimas demandou R$ 1,1 bilhão no Orçamento. Há ainda repasses para Estado, municípios, seguro-desemprego e assistência à saúde, entre outras despesas.
O impacto de R$ 20 bilhões considera gastos autorizados em um mês, de acordo com o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), do governo federal. O valor está próximo ao gasto com o auxílio emergencial e às transferências para o Estado e municípios no Rio Grande do Sul durante a pandemia de covid-19 (R$ 21,7 bilhões).l