O Dia

Último adeus ao casal do Juca

Creusa Belfort e Luiz Carlos da Silva morreram após desabament­o em comunidade de Cascadura

- RACHEL SISTON rachel.siston@odia.com.br

Familiares e amigos se despediram, ontem, do casal que morreu no desabament­o de uma casa, no Morro do Juca, em Cascadura, na Zona Norte. Creusa Jose Corrêa Belfort e Luiz Carlos da Silva, ambos de 77 anos, foram velados em uma capela do Cemitério de Inhaúma, também na Zona Norte, sob orações e aplausos.

O imóvel em que as vítimas moravam, de quatro andares, desmoronou na madrugada de segunda-feira (16) e eles não resistiram.

A despedida reuniu cerca de 50 pessoas. Pelos amigos, Creusa e Luiz Carlos foram descritos como muito queridos e ícones da comunidade onde moravam.

Muito emocionada, a cabeleirei­ra Eliane de Lima disse que era amiga de Creuza há 20 anos e a considerav­a uma mãe, já que foi acolhida por ela e o marido após um divórcio. A mulher conta que viveu com um casal por um ano na casa que desabou, mas que a estrutura, à época, era menor.

‘TUDO PRA MIM’

“Eu sou como se fosse uma filha, porque ela me ajudou muito. Era uma mulher muito amada, muito querida. No momento que eu mais precisei, ela foi minha amiga, minha mãe, tudo para mim. Ela era muito amada na comunidade, uma mulher muito guerreira, muito justa e muito amiga de todos. Todo mundo amava ela”, declarou a cabeleirei­ra.

Eliane relatou ainda que saía de casa para trabalhar, na manhã de segunda-feira, quando soube do desabament­o e ficou no local acompanhan­do as buscas, até que o corpo da idosa foi resgatado. Para ela, só ficarão boas lembranças do casal.

“Eu nunca vou esquecer dela, ela foi muito importante na minha vida. Ela era um anjo de pessoa. Ele (Luiz Carlos) também era muito querido, uma pessoa muito boa, na dele”, descreveu.

Pastor da Igreja Evangélica Unidos em Cristo e ex-colega de trabalho de Creusa, Jorde de Jesus lembrou da amiga como uma pessoa alegre, disposta a ajudar a todos e generosa. “Era uma pessoa muito boa, conselheir­a, amiga. Estava sempre alegre, sempre para cima. Por mais que ela tivesse problemas, ela nunca deixava transparec­er.

Mesmo com problemas, ela te ajudava a se levantar. Ela era uma pessoa muito bacana e a gente vai sempre lembrar os bons momentos. É isso que fica”, disse Jorge.

Mulher do pastor, a missionári­a Lidiane de Jesus contou que Creusa tinha uma barraca de brechó na

Rua do Souto e, recentemen­te, havia confessado o desejo de usar o dinheiro arrecadado com a venda de roupas para comprar cestas básicas para famílias dos Morros do Juca e do Fubá, também na Zona Norte.

“Ela sempre teve esse coração generoso, bondoso. Ela

estava sempre alegre, sempre feliz, sempre nos dando força, dizendo que a gente vai vencer na vida. Era uma pessoa iluminada, era um ícone de Quintino e Cascadura”.

ENTENDA O CASO

O desabament­o ocorreu na madrugada desta segunda-feira (16) na Rua Ferraz, dentro da comunidade Luiz Carlos Prestes, mais conhecida como Morro do Juca, em Cascadura, também na Zona Norte. Segundo a Defesa Civil Municipal, a construção onde as vítimas estavam tinha quatro andares.

Luiz chegou a ser socorrido com vida por bombeiros e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o idoso deu entrada na unidade com quatro estável, mas veio à óbito durante a tarde de segunda.

Já o corpo de Creusa foi encontrado sob os escombros do prédio após 11 horas de buscas. O major Fábio Contreiras, porta-voz do Corpo de Bombeiros, disse que os cães farejadore­s da corporação localizara­m o cadáver. A idosa estaria no segundo andar do edifício no momento do desabament­o.

Amigos e vizinhos da comunidade do Juca relataram que Creusa e Luiz Carlos eram muito queridos

CONSTRUÇÃO SEM APOIO TÉCNICO

De acordo com a Defesa Civil Municipal, agentes avaliaram que a construção onde Luiz e Creuza estavam, que possuía quatro andares, foi realizada sem acompanham­ento técnico necessário. No local, imóveis vizinhos também foram vistoriado­s: três foram interditad­os totalmente e seis tiveram interdiçõe­s parciais.

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REGINALDO PIMENTA Cerca de 50 pessoas acompanhar­am o sepultamen­to de Creusa e Luiz Carlos no Cemitério de Inhaúma

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