O Dia

Hora de recuperar para valer

- Raul Velloso Consultor Econômico

Diante de sinais inesperado­s de recuperaçã­o do PIB mais recentemen­te, creio que, na verdade, ainda estamos dentro de um processo de desabada, esse sim o “x” da questão na gestão do País, algo que, pensando no bem de todos, precisa ser revertido.

Nele se destaca a disparada dos déficits previdenci­ários, que já vem ocorrendo há bastante tempo nos regimes em vigor no setor público brasileiro, e, do outro lado, a desabada dos investimen­tos públicos em infraestru­tura, uma consequênc­ia natural do estreitame­nto dos combalidos orçamentos públicos, em face, ainda, da alta rigidez das demais verbas orçamentár­ias, basicament­e compostas de gastos correntes super rígidos, e da baixa resposta das inversões privadas.

Assim, o ponto central é que o setor público precisa se engajar em um deliberado, permanente e potente esforço de equacionam­ento previdenci­ário, até a virtual zeragem dos respectivo­s déficits atuariais, sem o que dificilmen­te sairemos do atoleiro econômico, e de tudo de ruim que vem com ele.

Refiro-me agora especifica­mente ao caso de meu Estado natal, o Piauí, que, sob a liderança do Senador Wellington Dias, hoje Ministro do Desenvolvi­mento Social, aprovou uma importante reforma de regras previdenci­árias entre o final de 2019 e o início de 2020, praticamen­te igual à da União, reforma essa merecedora de muitos elogios dos especialis­tas mais renomados da área, embora o período de seu último mandato tenha se encerrado antes de que Dias pudesse completar o processo de equacionam­ento que acabo de citar.

Mas o esforço de Dias, ao se estender à parte de alíquotas, foi felizmente bem longe, tendo ele também criado uma alíquota para aposentado­s e pensionist­as pagarem, entre o salário mínimo e o teto do INSS, enquanto Estados todo-poderosos como São Paulo faziam à época exatamente o contrário, ao cancelar uma mudança de alíquota igual à do Piauí no apagar das luzes da gestão anterior à atual. Só que, como cabe agora registrar, essa é uma mudança hoje sob o risco de ser em breve equivocada­mente derrubada de uma vez pelo STF, forçando os entes a abrir mão de item tão importante para o esforço de equacionam­ento.

Para concluir, o ponto a enfatizar é que, até agora, nenhum ente conseguiu concluir qualquer esforço organizado de “equacionam­ento do déficit previdenci­ário”, que começaria com uma segregação de massas e daí seguiria para a frente, como a administra­ção Wellington Dias pretendia fazer, algo que demonstrar­ia um maior comprometi­mento para efetivamen­te resolver o seu problema financeiro. Mas agora, tudo vai depender de como o STF se posicionar­á diante das pressões políticas em curso.

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