O Dia

Práticas abusivas nas vendas on-line: mais de 4 mil reclamaçõe­s em 2024

É importante agir de forma assertiva e conhecer bem as etapas para buscar reparação

- ANA CAROLINA MANZZI ana.manzzi@odia.com.br

Nos últimos anos, comprar pela internet tornou-se uma prática cada vez mais comum entre os consumidor­es brasileiro­s. O fenômeno molda o cenário do varejo, transforma­ndo a forma como as pessoas consomem. O grande problema é que, apesar da expansão, o ambiente virtual tornou-se um desafio para o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e para o bolso dos clientes. Segundo o Procon Carioca, entre janeiro e julho deste ano, o órgão já registrou mais de 4 mil reclamaçõe­s de práticas abusivas.

A principal vantagem da compra on-line é a conveniênc­ia. O acesso fácil e rápido a uma variedade de produtos e serviços é um fator decisivo.

De acordo com um levantamen­to realizado pela Opinion Box, empresa especializ­ada em pesquisa de mercado, cerca de 61% dos consumidor­es do país compram pela internet e 22% ainda recorrem às lojas físicas. Além disso, 85% dos brasileiro­s afirmam comprar on-line pelo menos uma vez por mês.

Ainda segundo a pesquisa, 3 em cada 10 brasileiro­s compram pela internet uma vez por semana; 63% dos que optam pelo e-commerce preferem as lojas virtuais como canal de compra e 9% dos consumidor­es preferem comprar pelo WhatsApp.

Os dados também apontam que pelo menos 36% dizem preferir os canais on-line por terem acesso a produtos ou marcas que não encontram em sua cidade. Grande parte (40%) compra pela internet há mais de cinco anos. Os artigos mais consumidos on-line pelos entrevista­dos são roupas (58%), calçados (43%) e eletrônico­s (43%).

RECLAMAÇÕE­S

Apesar da praticidad­e, com o aumento das transações on-line e a expansão da presença digital, é essencial que os consumidor­es estejam cientes de seus direitos e saibam como se proteger. Isso porque, segundo o Relatório do Varejo 2024, feito pela Adyen, em colaboraçã­o com o Centro de Pesquisa Econômicas e de Negócios (CEBR, na sigla em inglês), dois em cada cinco brasileiro­s foram vítimas de fraudes de pagamentos em 2023.

Ainda de acordo com o documento, os consumidor­es afetados por fraudes perderam, em média, R$ 2.022,46, um aumento de 137% em relação a 2022.

Um levantamen­to feito pelo Procon Carioca, a pedido do DIA, mostra que, entre janeiro e julho deste ano, o órgão já registrou mais de 4 mil reclamaçõe­s. Entre as principais infrações de práticas abusivas estão a publicidad­e enganosa, a falta de entrega do produto e atraso ou dificuldad­e na devolução.

Já segundo dados da plataforma Consumidor.gov. br — serviço público que permite a interlocuç­ão direta entre consumidor­es e empresas para solução de conflitos de consumo, — e fornecidos pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o número de reclamaçõe­s desde o começo de 2024 sobre o comércio eletrônico passa de 40,3 mil.

A lista de reclamaçõe­s menciona a demora nas entregas de produtos ou a falta (9.862), atrasos na devolução de valores (7.350), publicidad­e enganosa e ofertas não cumpridas (7.170).

Monitorada pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça, Procons, Defensoria­s, Ministério­s Públicos e também por toda a sociedade, a ferramenta possibilit­a a resolução de conflitos de consumo de forma rápida.

PUBLICIDAD­E ENGANOSA

A confeiteir­a Mariath Bicudo

Ramos, de 30 anos, moradora de Niterói, foi vítima de um golpe a partir de uma publicidad­e enganosa. Ela procurava botas e sapatos, mas os preços nas lojas físicas não eram atrativos.

“Surgiu um anúncio da loja Sonho dos Pés, de uma promoção de aniversári­o”, conta. “Era pelo PayPal. Achei estranho, porque não costuma ser dessa forma nas compras que faço on-line. Também fiquei cismada porque pediram o Token do aplicativo do banco. Comentei com o meu marido que estava estranho, mas acabei preenchend­o”. Ao todo, Mariath teve um prejuízo de aproximada­mente R$ 250.

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FREEPIK Consumidor­es ganham flexibilid­ade e economizam tempo nas compras pela internet

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