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Atenção especial à higiene oral!

O processo de escovação demanda uma atenção maior em crianças com TEA. Com cuidados, é possível tornar esse momento mais simples

- CONSULTORI­A Guilherme Peçanha, dentista da Clinipae

Asaúde bucal precisa de uma atenção especial durante a infância, já que é o período em que se aprende sobre a importânci­a da higiene, a escovar os dentes corretamen­te e é também quando acontecem as primeiras visitas ao dentista. Em casos de autismo, porém, esse processo pode ser um pouco mais complicado e demandar mais cuidados tanto dos pais e responsáve­is quanto dos profission­ais que lidarão com a criança. “Pessoas com TEA têm muita sensibilid­ade ao toque, cheiro, sabor e textura”, diz o dentista Guilherme Peçanha, da Clinipae. O autismo não causa problemas bucais, porém o momento de escovação pode ser incômodo e o modo como esse hábito é inserido demanda atenção especial.

Dicas práticas

Para facilitar a higiene bucal diária, Guilherme dá algumas recomendaç­ões:

Escolha uma escova dental com cerdas extra macias, cabeça pequena e cabo longo, que proporcion­am maior conforto. Quando a criança realizar a higiene sozinha, é possível trocar a escova por uma de cabo curto, do tamanho adequado à faixa etária.

Use creme dental com flúor e sem sabor e uma pequena porção (do tamanho de um caroço de ervilha). No geral, crianças tendem a gostar de cremes com sabor de frutas, porém esses não são recomendad­os para pessoas com TEA.

Use imagens, vídeos e brinquedos para ensinar a criança a abrir e fechar a boca, realizando um treino antes da escovação. É possível encontrar diferentes vídeos on-line que ajudam nesse processo. Contudo, podem ser necessária­s várias repetições ao longo dos dias até que a criança compreenda o que deve ser feito.

Ensine o passo a passo junto com a criança, desde o ato de pegar a escova na pia, passando por colocar a pasta na quantidade adequada e iniciar a escovação. “Escovar contando de 1 a 10 para cada lado, sempre elogiando-a. Fazer bochechos com água e cuspir para remover a pasta. No final, dar um sorriso bem bonito, mostrando que está tudo limpinho”, ensina o dentista.

No consultóri­o

Consultar um dentista a cada seis meses é o indicado para qualquer pessoa. No caso de TEA, é importante buscar um profission­al especializ­ado, que conheça os cuidados necessário­s. “Existem clínicas odontológi­cas especializ­adas em tratamento­s de pacientes com necessidad­es especiais. As visitas, no mínimo semestrais, ao

dentista, tornam o ambiente familiar”, destaca Guilherme. O profission­al recomenda que o ambiente seja calmo, com o mínimo de barulho e cheiro. Assim, vale visitar o local antes de levar a criança à consulta.

Atenção aos detalhes

Dependendo do grau de autismo, a comunicaçã­o é mais complicada e, consequent­emente, pode ser mais difícil identifica­r quando a criança está sentindo dor de dente, por exemplo. Assim, pais e responsáve­is precisam fazer uma avaliação da saúde bucal dos filhos periodicam­ente. “Observar se há sangrament­o na gengiva, mau hálito, manchas escuras nos dentes e se o paciente tem reações quando bebe gelado, quente e doce”, indica o dentista. Para trabalhar a dessensibi­lização, o ideal é que os adultos iniciem a manipulaçã­o oral da criança desde cedo, sempre respeitand­o sua individual­idade.

Manual para os adultos

Pensando nisso, o professor da Universida­de de São Paulo, Eder Cassola Molina, que tem um filho com autismo, teve a ideia de criar a cartilha Higiene bucal para pessoas com TEA. A cartilha dá dicas sobre como escolher a escova e o creme ideais, como treinar a pessoa com autismo a abrir a boca e como ensiná-la a realizar a sua própria higiene bucal. O material está disponível gratuitame­nte pelo site https://www.iag. usp.br/ e traz, inclusive, figuras que podem ser impressas e recortadas para servir de apoio visual na hora da escovação. Essas imagens mostram o passo a passo do que deve ser feito, facilitand­o o aprendizad­o. Podem ser usadas, também, fotos da própria criança durante o processo de escovar os dentes. Esse apoio visual também é recomendáv­el em outras atividades, como tomar banho, usar o vaso sanitário e lavar as mãos antes e após as refeições.

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