Além da Índia
Há mais de 2500 anos, o Budismo difunde sua doutrina por todos os cantos do planeta
Sabedoria, liberdade e meditação são palavras que sintetizam a prática do Budismo, filosofia que nasceu na Índia no século VI a.C., e se alastrou por diversas partes do globo pregando um caminho de libertação e salvação de maneira mais individualizada.
Buda pregou sua doutrina durante 45 anos por todas as regiões da Índia, mencionando sempre as Quatro Nobres Verdades e os oito passos do caminho iluminado. Seus ensinamentos (como o Dharma), até os dias de hoje, motivam cerca de 400 milhões de pessoas por todo o mundo.
Sob a sombra de uma árvore
Durante seu retiro, Sidarta Gautama sentou-se à sombra de uma grande figueira, chamada Bodhi, onde o líder budista teve visões de Mara – o demônio da paixão, que o atentava para afastá-lo de seu propósito e o atacava com chuvas e raios. Após 49 dias, Mara teve de se conformar com a derrota, deixando Gautama em paz. Assim aconteceu o despertar espiritual que ele tanto procurava.
Com a morte de Sidarta, teve início o culto de devoção (Bhakti) à pessoa do Buda e aos muitos locais sagrados – como a árvore Bodhi –, que se tornaram centros de peregrinação para comunidade de seguidores.
Atravessando fronteiras
Quando ainda pertencia somente ao território indiano, a doutrina teve dificuldade para se firmar, mas contou com a adesão de alguns
governantes da época. Porém, com a invasão dos Hunos Brancos e do Islã no país, a filosofia foi perdendo força.
Foi no governo do rei Asoka (273 a.C. a 232 a.C.) que a doutrina ganhou apoio. Graças a ele, o Budismo deixou de ser uma prática restrita ao nordeste da Índia e se alastrou pelo mundo. De acordo com os “Éditos de Asoka”, deixados pelo rei, missionários foram enviados a todas as partes da Índia e a vários reinos, como Síria, Egito, Macedônia e o norte do Afeganistão. As palavras de Buda se perpetuaram de geração em geração e alcançaram o Tibete, o Sri Lanka e o Sudeste Asiático, da mesma maneira que na China, Coréia, Vietnã e Japão.
Em território chinês, o Budismo chegou por meio de dois missionários budistas, que o introduziram na corte do Imperador Ming, em 68 d.C.. Os textos sagrados foram traduzidos para a língua chinesa e, muitos anos depois,
durante a Dinastia Tang, um monge chinês fez o caminho inverso: foi até a Índia, onde pesquisou e organizou sutras budistas. Após dezessete anos, ele voltou para a China com grandes tomos de textos budistas, dedicando-se a partir deste momento a vertê-los para o chinês. Assim, o Budismo logo estava preparado para se disseminar por todo o continente asiático.
Atualmente, os princípios budistas podem ser encontrados em qualquer parte do planeta, mas a maior concentração de adeptos do Budismo está na região leste do continente asiático. Já o país berço da filosofia, em sua maioria, não segue mais os ensinamentos de Buda por ter se tornado majoritariamente hindu.
Algumas segregações
Ao longo de sua existência, a doutrina budista passou por alguns cismas e diversas etapas evolutivas que provocaram adaptações. Dessa forma, antigos ensinamentos foram reinter
Atualmente, os princípios budistas podem ser encontrados em qualquer parte do planeta, mas a maior concentração de adeptos do Budismo está na região leste do continente asiático
pretados e, consequentemente, novos ramos da religião foram criados. Alguns conceitos apresentam diferenças significativas de vertente para vertente, no entanto, noções de Dharma e Carma, e princípios primordiais do Budismo, como a crença em um ciclo de renascimentos são partilhados por todas as escolas. Conheça as principais tendências seguidas pelos budistas.
Theravada, a escola tradicional
A tradução da denominação significa “doutrina dos anciãos”. A partir disso, já é possível notar que se trata da escola mais antiga do Budismo. Os theravadins, como são chamados os adeptos, recusam-se a modificar qualquer dos ensinamentos recebidos do mestre Buda, tendo, até os dias atuais, todos os textos escritos em páli, o idioma utilizado por seu líder.
Essa vertente é a única escola antiga que permanece em prática. Também é considerada a maior existente, predominantemente praticada no Sri Lanka, Tailândia, Myanmar (Birmânia), Laos e Cambodja e significativamente presente em países como o Vietnã, Malásia, Estados Unidos e Inglaterra.