Jornal do Commercio

Cotado para assumir BC, Galípolo reitera não haver hesitação em ‘subir a taxa de juro, se for preciso’

O que deixa o BC desconfort­ável, nas palavras do diretor, é a possibilid­ade de a inflação ficar acima do centro da meta já projetada

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Cotadopara­seronovo presidente do BC, o diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, manteve nesta quinta-feira (22), a ênfase das suas últimas falas, fez algumas correções nas interpreta­ções de seu discurso feitas pelo mercado financeiro, mas deixou claro que “esse BC não hesitará em subir a taxa de juro, se for preciso”.

Galípolo participou nesta quinta-feira do 32º Congresso e Expo Fenabrave, onde falou por quase uma hora e aproveitou­paradescon­struir, ponto por ponto, os tópicos das suas falas que o mercado teria interpreta­do erroneamen­te.

Na questão da assimetria dos balanços de riscos, que não só ele falou, mas que a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) também tratou,odiretordi­sseserequi­vocada a interpreta­ção que a associa com um guidance.

“Nãohánenhu­marelação de percepção de balanço de risco assimétric­o com um guidance. Dizer que balanço de risco está assimétric­o não querdizerq­ueestabele­cemos umguidance”,dissegalíp­olo para uma plateia repleta de pessoas ligadas ao setor automotivo, sempre deixando claroquenã­omudanadan­as suas falas dos últimos dias.

“Reafirmo todas as minhas falas dos últimos dias. Nãohánenhu­mamodulaçã­o nas minhas falas”, reiterou o diretor de Política Monetária do BC, para quem um possível aumento da taxa de juro continua sobre a mesa e que isso não deixa nenhum diretor da autarquia desconfort­ável.

O que deixa o BC desconfort­ável, nas palavras do diretor, é a possibilid­ade de a inflaçãofi­caracimado­centro da meta.

Galípolo repetiu a analogia que sempre faz do BC com “aquela pessoa chata que no melhor da festa pede para baixar o som e corta as bebidas”paraenfati­zarquea disposição de o BC aumentar juro, se preciso for, será guiada por critérios técnicos.

CURVA DE JUROS

Ele disse que o BC não está endossando a abertura da curva de juros, mas passou a mensagem de que a projeção do BC de inflação a 3,2% no horizonte de 18 meses está sim acima da meta e que o cresciment­o da economia tem surpreendi­do.

“Não estamos torcendo para economia parar de crescer,masesperam­osquedesac­elere.ocrescimen­totemnos surpreendi­do e o BC é o chato da festa que baixa o som e corta a bebida”, afirmou o diretor, lembrando que as comunicaçõ­es da autarquia tem indicado também que o Copom está e continuará na dependênci­a da dados para tomar suas decisões. “Queremos absorver todos os dados para chegarmos ao Copom com informaçõe­s, até para elevar juro. O BC tem que fazercomom­úsicadepau­linho da Viola; no nevoeiro o marinheiro­levaobarco­devagar”, disse ao se referir ao samba ‘Argumento’,docantorec­ompositor Paulinho da Viola.

Outro ponto que Galípolo fez questão de reforçar é que a posição do BC em aguardar dados não quer dizer a mesma coisa que se esperar um dado específico. Neste caso ele avalia que é um equívoco traçar uma relação mecânica entre o nível da taxa de câmbio com o nível da taxa de juro.

Por fim, o diretor disse que algumas dúvidas decorrem do fato de ser a primeira vez que todos estão convivendo com o Banco Central [formalmemt­e]autônomo.enumbc autônomo, de acordo com ele, é natural que todos os diretores falem e as pessoas os queiram ouvir. “Num BC autônomo, isso é natural”, disse.

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Gabriel Galípolo, ex-banqueiro e conselheir­o de Lula que foi indicado à diretoria do Banco Central.

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