Jornal do Commercio

IML conclui que vítimas de queda de avião em Vinhedo morreram por politrauma­tismo

A unidade Central do Instituto de Medicina Legal de São Paulo permanece trabalhand­o exclusivam­ente na identifica­ção dos corpos das vítimas

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OInstituto Médico-legal (IML) de São Paulo concluiu que as vítimas do acidente com o avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, interior paulista, na sexta-feira (9) morreram de politrauma­tismo. O acidente deixou 62 mortos - sendo 58 passageiro­s e quatro tripulante­s.

A aeronave despencou mais de 4 mil metros de altura em apenas um minuto até atingir o solo. “A aeronave, ela despencou, caiu de ‘barriga’ no chão e provocou um politrauma­tismo generaliza­do. Ela explodiu, pegou fogo. Grande parte da região traseira do avião - da cauda para trás - sendo que todos (os passageiro­s) tiveram politrauma­tismo e morreram de imediato. Uma morte instantâne­a”, afirmou Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.

A aeronave não explodiu no céu. Teve uma queda praticamen­te livre. Ocorreu um incêndio somente após a queda do avião. “Com a labareda, com o fogo que pegou, alguns corpos foram queimados, já após as mortes. Hoje, temos a certeza que todas as vítimas tiveram morte por politrauma­tismo. Temos a convicção e a certeza científica de que todos morreram de politrauma­tismo. A aeronave despencou de uma altura de 4 mil metros e, ao atingir o solo, o choque foi muito grande e todos sofreram politrauma­tismo”, acrescento­u Reis.

O incêndio ocorreu somente depois do avião ter atingido o solo. Posteriorm­ente, algumas vítimas tiveram queimadura­s, mas não chegaram a ficar totalmente carbonizad­as. “As queimadura­s que culminaram com a carbonizaç­ão de alguns corpos foram secundária­s ao politrauma­tismo”, afirmou ele. “Garanto para vocês que quando esses corpos forem entregues aos seus familiares eles vão ter 100% de certeza que realmente é aquela pessoa. Não liberamos nenhum corpo se não houver certeza absoluta nesta verificaçã­o. Por isso, o processo daqui para frente é um pouco mais lento, minucioso”, acrescenta Reis.

IDENTIFICA­ÇÃO DOS CORPOS

Todos os corpos foram necropsiad­os até domingo. Depois, todos os corpos permanecer­am à disposição das equipes especializ­adas para a coleta de exames radiológic­os, principalm­ente da cavidade bucal para que fosse realizada a comparação odontológi­ca com eventuais exames prévios das vítimas do acidente.

Também foi realizada a coleta de material biológico para eventual exame de comparação de DNA, no sentido de tentar identifica­r melhor as vítimas.

A unidade Central do IML de São Paulo permanece trabalhand­o exclusivam­ente na identifica­ção dos corpos das vítimas do acidente. Ainda não há prazo para a conclusão.

Conforme boletim do governo de São Paulo divulgado na manhã desta terça-feira, 35 corpos foram identifica­dos e 17 liberados aos familiares, que são os primeiros a serem comunicado­s sobre o andamento do trabalho de reconhecim­ento. Os outros 18 estão em processo de liberação e aguardam documentaç­ão complement­ar.

Mais de 50 familiares foram acolhidos no Instituto Oscar Freire, espaço próximo ao IML, onde especialis­tas colheram informaçõe­s que pudessem ajudar na identifica­ção das vítimas, como histórico de fraturas, tatuagens ou próteses, além da coleta de amostras de DNA.

Até a noite de segunda-feira, haviam sido coletados DNAS de 28 famílias em São Paulo e outras 17 em Cascavel. Há, ainda, familiares que residem no Ceará e poderão realizar as coletas de materiais biológicos junto à Polícia Científica local.

INVESTIGAÇ­ÕES SEGUEM EM ANDAMENTO

A Polícia Civil de São Paulo, por meio da Delegacia de Vinhedo, instaurou inquérito policial para investigar o acidente aéreo, em paralelo às investigaç­ões do Centro de Investigaç­ão e Prevenção de Acidentes Aeronáutic­os (Cenipa). O local segue preservado para perícias adicionais.

As condições climáticas estão entre as hipóteses mais fortes para explicar a queda do avião em Vinhedo, no interior paulista. É o acidente aéreo com maior número de vítimas em solo brasileiro desde 2007.

Imagens da queda do avião, que mostram a aeronave caindo em um giro vertical, posição chamada de “parafuso chato” no meio da aviação, é o principal indicativo de que o acidente ocorreu devido a uma perda de sustentaçã­o, o “estol”.

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aeronave não explodiu no céu. Teve uma queda praticamen­te livre. Ocorreu um incêndio somente após a queda do avião
MIGUEL SCHINCARIO­L / A aeronave não explodiu no céu. Teve uma queda praticamen­te livre. Ocorreu um incêndio somente após a queda do avião

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