Jornal do Commercio

Silêncio do governo de Pernambuco sobre a greve dos motoristas é constrange­dor

Indiferenç­a dos prefeitos do Grande Recife ao impacto da greve dos rodoviário­s também incomoda, mas o silêncio do Estado é, de fato, inaceitáve­l

- ROBERTA SOARES

ARegião Metropolit­ana do Recife entrou no segundo dia de greve dos motoristas de ônibus nesta terça-feira (13/8) com mais tensão e violência nas ruas, terminais e garagens e, mesmo assim, o governo de Pernambuco segue em silêncio. Embora a greve dos rodoviário­s tenha sido anunciada desde o dia 7/8 pelo sindicato da categoria, até agora o governo do Estado não se posicionou. A governador­a Raquel Lyra por incrível que pareça - não se colocou diante do problema, que tem afetado diretament­e 1,6 milhão de passageiro­s e, indiretame­nte, todo o Grande Recife.

Nem mesmo nas redes sociais, onde tem sido comum os políticos brasileiro­s se posicionar­em sobre tudo e qualquer coisa, a toda hora. Nem mesmo as redes sociais oficiais do governo, como a do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolit­ano (CTM), teve um único comunicado sobre a greve. Nem mesmo uma orientação aos passageiro­s.

GESTÕES ESTADUAIS SEMPRE SE POSICIONAR­AM AO MENOS PELOS CANAIS OFICIAIS

Faz muito tempo que o Estado deixa de ter um posicionam­ento oficial em greves do transporte público. A única nota oficial emitida até agora pelo governo, via CTM, é uma que já ficou velha porque informa apenas que o órgão determinou a garantia da prestação do serviço de transporte público. Confira abaixo:

“O Grande Recife Consórcio de Transporte (CTM) informa que oficializo­u o Sindicato dos Operadores de Transporte e o Sindicato dos Rodoviário­s sobre a necessidad­e da continuida­de parcial dos serviços durante o período de greve. O Grande Recifedefi­niuqueseja­mantida 70% da operação programada para o mês de agosto, durante os horários de pico, e 50% da operação para fora doshorário­sdepico,demodo que seja garantido o direito constituci­onal de greve, como também a continuida­de do serviço essencial de transporte público”.

GREVE DOS RODOVIÁRIO­S NO RECIFE; SEGUNDO DIA CAUSA TRANSTORNO:

A ausência do Estado é ainda mais sentida quando se sabe que o gestor do sistema de ônibus da RMR é o governo de Pernambuco. Não que os prefeitos do Grande Recife - principalm­ente os de cidades como Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes,

Camaragibe e Paulista - também não estejam sendo omissos quando apenas acompanham a greve dos rodoviário­s, mas o silêncio do governo de Pernambuco é constrange­dor.

A participaç­ão do Estado no processo de negociação entre empresário­s e motoristas tem sido, inclusive, cobrada com veemência pelos rodoviário­s, que até protesto em frente ao Palácio do Campo das Princesas fez nas últimas semanas. Mas, assim como aconteceu com outros governador­es, de diferentes partidos políticos, o governo de Pernambuco segue vendo o transporte público ainda como um serviço privado.

Por isso o silêncio. O entendimen­to segue sendo resumido à seguinte frase: “É uma questão entre empregador­es e empregados, o Estado só pode acompanhar”, dita por muitas e muitas gestões.

Valedestac­arque,nomundo onde o transporte coletivo - mesmo com problemas - é prioridade de gestão, ele é visto como um serviço público essencial, apenas operado pelo setor privado.

Não estamos aqui falando de decidir por aumentos ou benefícios aos rodoviário­s. O que se cobra é postura e posicionam­ento. Uma demonstraç­ão à população que está sofrendo com a paralisaçã­o do serviço de ônibus de que o Estado está, sim, presente e preocupado com o que acontece no Grande Recife devido à greve dos motoristas.

Seria o mínimo e foi feito por muitas outras gestões.

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CÍRIO GOMES/JC IMAGEM Nem mesmo as redes sociais oficiais do governo, como a do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolit­ano (CTM), teve um único comunicado sobre a greve. Nem mesmo uma orientação aos passageiro­s

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