Paralisação mostra força no primeiro dia e Justiça determina 60% da frota nos horários de pico
PMS conseguiram liberar a saída de coletivos em algumas garagens, mas a mobilização dos rodoviários impediu a circulação nos terminais integrados
Agreve dos motoristas de ônibus do Grande Recife teve início nesta segunda-feira (12/8) demonstrando força de mobilização da categoria. Poucos ônibus foram vistos circulando nas ruas da Região Metropolitana do Recife , especialmente em algumas áreas, como a região Norte, onde a dependência do sistema de ônibus é total porque o Metrô do Recife não chega.
Na Zona Sul do Recife, a situação foi um pouco menos ruim, com mais coletivos da empresa Borborema circulando nas ruas até pouco depois das 8h. Como esperado, os 1,6 milhão de passageiros que dependem diariamente dos ônibus e precisaram tentar chegar ao trabalho sofreram longas esperas por um coletivo ou viajaram amedrontados em ônibus lotados e conduzidos por motoristas - em sua grande maioria - terceirizados e sem farda.
No início da manhã, apenas 23% da frota de ônibus estava na rua, segundo informou o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Pernambuco (Urbana-pe). A entidade, inclusive, criticou o não cumprimento do que foi determinado pelo governo de Pernambuco. O Estado, que gere o sistema de ônibus na RMR através do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), exigiu a oferta de 70% da frota nos horários de pico (das 5h às 9h) e de 50% nos outros horários. O percentual é equivalente a 1.558 ônibus nos horário de pico e 1.113 ônibus no fora pico.
Na PE-15, o rodoviário Roberto Carlos, que comanda uma associação dissidente do Sindicato dos Rodoviários, fez bloqueios no Terminal Integrado e no corredor, impedindo que os coletivos do Consórcio Conorte seguissem viagem até o Recife.
Segundo os operadores, quase 100 ônibus ficaram presos no bloqueio, prejudicando milhares de passageiros que tentavam chegar ao trabalho. E sem qualquer reação da PM. Em dias úteis, o Conorte - composto pelas empresas Itamaracá, Cidade Alta e Rodotur - transporta 260 mil pessoas.
O setor operacional estava revoltado, principalmente pelo fato de que a ação de bloqueio é provocada pela disputa sindical - o Sindicato dos Rodoviários terá eleições em breve. “Infelizmente, o nosso esforço pela manutenção da operação foi grande. Conseguimos colocar 100% da nossa frota para operar e temos neste momento quase cem ônibus paralisados na PE-15 por conta de um bloqueio da chapa sindical concorrente às eleições, sem qualquer ação policial. Lamentável”, desabafou
um operador.
MOTORISTAS TERCEIRIZADOS FORAM CONVOCADOS PELAS EMPRESAS
Logo nas primeiras horas da segunda-feira, o Sindicato dos Rodoviários denunciou a convocação de motoristas terceirizados pelo setor empresarial. De acordo com o presidente do sindicato, Aldo Lima, há uma cláusula da convenção coletiva que proíbe qualquer trabalhador terceirizado de tirar veículos da garagem.
“O direito de greve tem que ser mantido. A convocação desses trabalhadores que não fazem parte do quadro de funcionários para atuar como freelancer fere a nossa convenção de trabalho”, destacou nas redes sociais.
O presidente do sindicato afirmou, ainda, que a medida também fere o direito de greve do trabalhador. Por fim, Aldo Lima reforçou que a orientação do sindicato para os diretores das garagens é que não seja permitida a retirada de veículos por funcionários terceirizados.
PM ATUA NAS GARAGENS PARA GARANTIR SAÍDA DOS COLETIVOS
A Polícia Militar chegou a atuar em algumas garagens das maiores empresas de ônibus do Grande Recife para garantir a saída dos coletivos. Mas a intervenção foi pequena e poucos veículos ganharam as ruas na manhã desta segunda. Os rodoviários estavam filmando todas as ações e expondo em vídeos nas redes sociais.