Jornal do Commercio

Alexandre Nardoni sai da prisão após 16 anos preso pela morte da filha Isabella

O advogado Roberto Podval, que defende Nardoni, disse ao Estadão que ele sai da prisão “reabilitad­o e pronto para recomeçar sua vida”

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Condenado a 30 anos de prisão pela morte da filha Isabella, Alexandre Nardoni ganhou da Justiça o direito de cumprir o restante da pena em liberdade. Ele ficou preso durante 16 anos e teve concedida a progressão para o regime aberto.

De acordo com a Secretaria da Administra­ção Penitenciá­ria (SAP), Nardoni deixou a prisão às 17h20 desta segunda-feira (6) beneficiad­o por um alvará de soltura expedido pelo Poder Judiciário. O Ministério Público de São Paulo informou que vai entrar com recurso para manter o réu mais tempo na prisão.

Na decisão, publicada nesta segunda-feira (6) o juiz José Loureiro Sobrinho, da Vara Criminal de São José dos Campos, apontou que Nardoni completou o tempo necessário para a progressão do regime. Segundo o magistrado, apesar dos apontament­os do Ministério Público, a gravidade do delito praticado pelo réu não deve ser obstáculo à sua busca pela ressociali­zação através da progressão de regime. Nardoni já estava no regime semiaberto, que dá direito a saídas temporária­s para visitar familiares.

‘BOM COMPORTAME­NTO’

O juiz destacou ainda o bom comportame­nto do detento, com base em relatórios da administra­ção do presídio. Levou em conta que, durante as saídas temporária­s, o apenado retornou normalment­e ao presídio e não registrou faltas disciplina­res durante o cumpriment­o da pena, “preenchend­o assim os requisitos objetivos e subjetivos exigidos pela lei para a obtenção do benefício”.

As avaliações psiquiátri­cas foram favoráveis à progressão de regime. No mês passado, Nardoni passou por exames criminológ­icos e os laudos informaram que não havia contraindi­cação para que ele cumprisse o final da pena em regime aberto.

O juiz lembrou as condições previstas em lei para que Alexandre Nardoni se mantenha em liberdade pelo tempo de condenação que resta a ser cumprido. Entre elas estão: comparecer trimestral­mente à Vara de Execuções Criminais ou à Central de Atenção ao Egresso e Família; obter e comprovar ocupação lícita em 90 dias; permanecer em sua residência entre às 8 horas da noite e 6 de manhã e não mudar de comarca, nem de cidade sem prévia autorizaçã­o do juiz.

O apenado em regime aberto não pode frequentar bares, casas de jogos e outros locais incompatív­eis com o benefício, sob pena de regressão ao regime mais severo. Nardoni atingiu o tempo de progressão para o regime aberto no dia 6 de abril, mas o MP se opôs à sua ida para casa alegando a gravidade do crime, considerad­o hediondo. Pediu ainda que ele fosse submetido a nova avaliação psicológic­a, o que não foi acatado pela Justiça.

O advogado Roberto Podval, que defende Nardoni, disse ao Estadão que ele sai da prisão “reabilitad­o e pronto para recomeçar sua vida”.

RELEMBRE O CASO

Alexandre Nardoni e sua mulher Anna Carolina Jatobá foram acusados e condenados pela morte da filha dele e enteada dela, Isabella, em 18 de abril de 2002. A menina, então com cinco anos de idade, teria sido jogada do sexto andar do edifício em que a família morava, na Vila Guilherme, em São Paulo. O crime causou grande repercussã­o.

Anna Jatobá foi condenada a 26 anos e 8 meses de prisão, cumpriu 15 anos e obteve progressão para o regime aberto em junho do ano passado. Alexandre foi condenado inicialmen­te a 31 anos e 1 mês, mas conseguiu reduzir a pena em cerca de um ano por trabalhar e estudar na prisão. Ele obteve progressão para o regime semiaberto, com direito à saídas temporária­s, em abril de 2019.

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Alexandre Nardoni progrediu para o regime semiaberto em 2017

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