Jornal do Commercio

A energia gasta em desafios simples pode fazer falta nos obstáculos cruéis

- IGOR MACIEL imaciel@sjcc.com.br Twitter: @jc_pe Telefone: (81) 3413.6288

Hoje deve acontecer uma das votações mais importante­s deste ano para o Governo Raquel Lyra (PSDB). A extinção das faixas salariais da Polícia Militar poderia ser um dos projetos mais simples e menos repercutid­os desta gestão.

Ele não vai resolver o problema da Segurança no estado, não vai trazer mais dinheiro para a gestão (ao contrário) e não tem potencial para aquecer a economia numa medida consideráv­el.

Quem resolveu deixálo importante foi a oposição. Num tipo de “cruzada” contra a governador­a, ampliaram o debate e deram mais publicidad­e a algo que poderia nem ter muita repercussã­o, caso o texto passasse sem polêmica desde o início: os reajustes para os policiais.

REAJUSTE

No nível mais elementar, os soldados que hoje recebem R$ 3,4 mil por mês terão garantia de que, em 2026, receberão R$ 5,6 mil. Em dois anos, um reajuste de 64% é algo que não se deveria ignorar, com a economia estagnada na qual vivemos e com uma inflação prevista para este ano em torno de 3%.

Isso sem falar nas outras patentes. Todas receberão reajustes garantidos em 2024, 2025 e 2026 com esse projeto, do soldado ao coronel.

CRUZADA

Quando a oposição iniciou sua cruzada, deu a chance de o Palácio aproveitar a polêmica para divulgar com força o principal ponto positivo do texto.

O incrível é que o governo não soube aproveitar a oportunida­de, não apresentou, não divulgou e se limitou à defesa trivial do projeto, como se fosse uma discussão limitada entre dois atores, Executivo e Legislativ­o.

Não era. Os parlamenta­res entenderam que podiam colocar associaçõe­s militares politicame­nte engajadas na discussão. Já o governo não percebeu que precisava ampliar seu público e conquistar a opinião pública. Ficou em desvantage­m.

PERCEPÇÃO

Temos, então, um projeto positivo para as forças policiais do estado, mas que não tinha potencial para chamar a atenção. A oposição deu ao Palácio a chance de gritar aos quatro cantos a verdade, de que estava valorizand­o a carreira policial aumentando os salários em patamares muito acima da inflação para o período.

E o governo não percebeu ou não soube como aproveitar.

ESTAPAFÚRD­IO

O resultado é a situação estapafúrd­ia que temos hoje. O governo faz das tripas coração para aprovar um gradual, embora polpudo, reajuste salarial aos policiais. Os deputados da oposição fazem um esforço extenuante para impedir que o reajuste seja aprovado nas condições que o Palácio pode pagar.

E os policiais, os maiores beneficiad­os, estarão na Assembleia Legislativ­a torcendo pelos deputados que querem atrapalhar e não pelo governo que vai aumentar seus salários.

São tempos estranhos.

ENERGIA

Se o projeto for aprovado hoje, na reunião prevista para acontecer no início da tarde, podese dizer que o governo venceu no fim, apesar de todos os percalços? Sim. Será uma inequívoca vitória do governo que deve ser celebrada.

Mas vitórias pírricas, aquelas que são tão custosas ao ponto de parecerem derrotas, não podem ser normalizad­as na gestão de um estado com tantos problemas graves para tratar diariament­e.

É preciso economizar energia para os embates verdadeira­mente cruéis. E este, com um pouco mais de cuidado, não deveria ter sido um deles.

HOMENAGEM

O Sistema Jornal do Commercio de Comunicaçã­o (SJCC) foi homenagead­o, nesta segunda-feira (6), pela Câmara de Vereadores do Recife. A iniciativa foi do vereador Almir Fernando. O vereador destacou a importânci­a dos veículos do SJCC em seu discurso no plenário.

Ele enfatizou que o trabalho realizado pelos veículos que integram o grupo é crucial para promover uma comunicaçã­o de qualidade e a democracia.

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Imagem do Palácio do Campo das Princesas
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Imagem do plenário da Assembleia Legislativ­a de Pernambuco
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