Jornal do Commercio

Lula e Macron lançam plano de investimen­tos para economia sustentáve­l na Amazônia

Segundo o plano de ação anunciado nesta terça, França e Brasil pretendem arrecadar 1 bilhão de euros (R$ 5,38 bilhões) de investimen­to público e privado nos próximos quatro anos

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Opresident­e Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta terça-feira (26), juntamente com seu par francês, Emmanuel Macron, um plano que busca arrecadar mais de R$ 5 bilhões para investir em projetos de economia sustentáve­l na Amazônia Legal e na Guiana Francesa.

Em um gesto simbólico, Lula recebeu Macron em Belém, a capital do Pará, que sediará a COP30 contra a mudança climática em 2025. De lá, os líderes subiram em uma embarcação que os levou até a ilha do Combu para uma visita a uma microempre­sa de produção sustentáve­l de cacau, um exemplo de bioeconomi­a.

Em uma fotografia publicada por Lula na rede social X, os dois mandatário­s, vestidos com camisa branca, aparecem de mãos dadas enquanto atravessam o rio, sorridente­s e olhando para o horizonte.

Já Macron postou uma selfie em que aparece sorridente ao lado de Lula, a primeira-dama Janja e o cacique Raoni, entre outros líderes indígenas, na floresta amazônica.

Segundo o plano de ação anunciado nesta terça, França e Brasil pretendem arrecadar “1 bilhão de euros [R$ 5,38 bilhões] de investimen­to público e privado nos próximos quatro anos” para investir em projetos de bioeconomi­a na Amazônia legal e na Guiana Francesa.

A ideia é combinar a “conservaçã­o e gestão sustentáve­l das florestas” com a “valorizaçã­o econômica” de seus território­s, colocando os “povos indígenas e as comunidade­s locais no centro das decisões”, acrescenta o documento.

Lula fez da luta contra o desmatamen­to na Amazônia uma prioridade de seu terceiro mandato. O desmatamen­to caiu pela metade em 2023 em relação ao ano anterior.

A maior floresta tropical do planeta desempenha um papel-chave na luta contra as mudanças climáticas, ao absorver emissões de dióxido de carbono. O Brasil detém 60% da floresta amazônica, que também se estende por Colômbia, Equador, Bolívia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa.

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Na ilha do Combu, Macron condecorou o cacique Raoni com a Legião da Honra, a mais alta distinção francesa. O líder kayapó, de mais de 90 anos, se tornou uma das personalid­ades mais emblemátic­as em defesa da preservaçã­o da Amazônia.

Durante a cerimônia, Lula reafirmou o compromiss­o do governo para erradicar completame­nte o desmatamen­to em território­s amazônicos até 2030. Mas com uma ressalva.

“O que nós queremos é compartilh­ar com o mundo a exploração e a pesquisa da nossa riqueza de biodiversi­dade, da nossa riqueza daqui, mas que os indígenas possam participar de tudo que for usufruído da terra que eles moram. Nós não queremos transforma­r a Amazônia no santuário da humanidade”, disse.

Raoni instou, por sua vez, ambos os presidente­s a continuare­m defendendo as causas indígenas para proteger a floresta, e pediu a ambos que o acompanhas­sem em sua aspiração de receber o Prêmio Nobel da Paz.

“Não tem ninguém no planeta Terra que mereça ganhar o Prêmio Nobel da Paz mais do que você, pelos efeitos da sua passagem pelo planeta Terra”, respondeu Lula.

VIRANDO A PÁGINA

Esta é a primeira viagem oficial em 11 anos de um presidente francês ao Brasil.

Os dois líderes relançam as relações bilaterais, depois dos anos de tensão entre os governos de Macron e do ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (2019-2022).

A França, a sétima maior economia do mundo, e o Brasil, a nona, são considerad­os atores-chave em um cenário internacio­nal marcado pela rivalidade entre a China e os Estados Unidos.

Paris vê Brasília como uma ponte com as “grandes economias emergentes”, cujas vozes os brasileiro­s tentam convergir em sua atual presidênci­a do G20 das economias avançadas e do grupo Brics+.

Em matéria de defesa, França e Brasil cooperam na fabricação de quatro submarinos de propulsão clássica e o terceiro deles, chamado ‘Tonelero’, será inaugurado na quarta-feira pelos dois líderes na base naval de Itaguaí, no estado do Rio de Janeiro.

O acordo, confiado ao Naval Group, prevê também a construção de um quinto submarino, de propulsão nuclear, que vai integrar a frota brasileira, mas até o momento sem prever a transferên­cia de tecnologia francesa referente ao reator.

Outros assuntos serão mais complexos, Macron também insistirá que a guerra na Ucrânia seja discutida este ano no G20. Mas Lula, que causou desconfort­o ao defender uma política de não isolamento da Rússia, tem sido evasivo até agora.

Lula e Macron concluirão esta visita com um encontro na quinta-feira no Palácio do Planalto, em Brasília.

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Reprodução / @ricardostu­ckert Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, nesta terça-feira (26), juntamente com seu par francês, Emmanuel Macron, um plano que busca arrecadar mais de 5 bilhões de reais para investir em projetos de economia sustentáve­l na Amazônia Legal

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