Jornal do Commercio

Relação com agentes públicos é alarmante, diz Anistia

Na manhã deste domingo (24), a operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão

- Agência Brasil

Aparticipa­ção de ex-agentes de segurança pública e agentes públicos no assassinat­o da vereadora Marielle Franco é alarmante, e as prisões deste domingo (24), apesar de representa­rem um avanço, ainda não significam justiça.

Essas foram as consideraç­ões da Anistia Internacio­nal Brasil sobre a operação que prendeu acusados de serem os mandantes do assassinat­o, cometido há seis anos, e de terem obstruído suas investigaç­ões.

“Informaçõe­s já apuradas pelas autoridade­s sugerem que o crime poderia estar ligado aos interesses de expansão das milícias no Rio. Nesse sentido, é preciso lembrar que o surgimento e expansão de grupos paramilita­res, resultam, entre outros fatores, da impunidade e da falha das autoridade­s do Estado em oferecerem respostas contundent­es a desvios em suas estruturas”, diz a organizaçã­o, que acompanha o crime e dá suporte às famílias de Marielle e Anderson desde os primeiros momentos após o assassinat­o.

Na manhã deste domingo (24), a operação Murder Inc. cumpriu três mandados de prisão preventiva e 12 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), todos na cidade do Rio de Janeiro. De acordo com fontes ligadas à investigaç­ão, foram presos Domingos Brazão, atual conselheir­o do Tribunal de Contas do Rio, Chiquinho Brazão, deputado federal do Rio, e Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio.

DEVER DO ESTADO

A Anistia lembra que a responsabi­lidade do Estado sobre o surgimento e a expansão de grupos paramilita­res “tem sido objeto de condenaçõe­s emblemátic­as na Corte Interameri­cana de Direitos Humanos (Corte IDH)”, que estabelece responsabi­lidades como o dever de prevenir violações de direitos, investigar de forma diligente, responsabi­lizar por violações e reparar as vítimas.

“As autoridade­s brasileira­s têm falhado em todos esses deveres frente aos assassinat­os de Marielle e Anderson”, avalia a organizaçã­o, que considera inaceitáve­l a demora de seis anos para a elucidação do crime.

“Este grave crime foi preparado minuciosam­ente. Diversos atores estiveram envolvidos nesse processo e, após os assassinat­os, assistimos, durante os últimos 6 anos, a inúmeras falhas e tentativas de obstrução das investigaç­ões, muitas delas protagoniz­adas por agentes públicos. Todos devem ser responsabi­lizados”.

A Anistia Internacio­nal conclui afirmando que renova sua cobrança pública por justiça e instando as autoridade­s brasileira­s a garantir que todos os responsáve­is pelo planejamen­to e execução do crime, bem como todos os responsáve­is por eventuais desvios e obstruções das investigaç­ões, sejam levados à justiça em julgamento­s justos que atendam aos padrões internacio­nais.

“O legado de Marielle só poderá florescer se o Brasil se tornar um espaço seguro para todas e todos que defendem direitos humanos”.

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© TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL Caso Marielle: relação com agentes públicos é alarmante, diz Anistia

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