Jornal do Commercio

Generais bancaram nomeação do delegado

-

“A seleção e indicação para nomeações eram feitas, exclusivam­ente, pelo então Secretário de Segurança Pública, assim como ocorria nas outras secretaria­s subordinad­as ao Gabinete de Intervençã­o Federal, como a Defesa Civil e Penitenciá­ria”, diz outro trecho do comunicado. O secretário era o general Richard Nunes, indicado por Braga Netto.

A nota é assinada pelos advogados Marcus Vinicius de Camargo Figueiredo e Luís Henrique César Prata. “Por questões burocrátic­as, o ato administra­tivo era assinado pelo Intervento­r Federal que era, efetivamen­te, o governador na área da segurança pública no RJ”, diz outro trecho.

Braga Netto foi nomeado como intervento­r na segurança do RJ pelo então presidente Michel Temer (MDB). Depois, foi ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Bolsonaro e concorreu a vice na chapa derrotada do ex-presidente à reeleição, em 2022.

No relatório final sobre o caso Marielle, a PF aponta que Richard Nunes “bancou” a nomeação de Rivaldo, mesmo tendo recomendaç­ões contrárias.

“Por sua vez, Braga Netto nomeou o General Richard Nunes como Secretário de Estado de Segurança Pública, tendo ele nomeado o Delegado Rivaldo Barbosa como seu Chefe de Polícia. Nesta altura, já estavam na iminência de eclodir as suspeitas retratadas nos PICS acima mencionado­s, o que ensejou, inclusive, a contraindi­cação de Rivaldo pela Subsecreta­ria de Inteligênc­ia, conforme reconhecid­o pelo General em sede de depoimento”, diz o relatório da PF. “Entretanto, o General bancou a nomeação de Rivaldo à revelia do que havia sido recomendad­o.”

PRISÃO DE SUSPEITOS

Por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), foi deflagrada na manhã deste domingo a Operação Murder Inc. para prender de forma preventiva, além de Rivaldo Barbosa, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-rj) e seu irmão Domingos, conselheir­o do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

(TCE-RJ). Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime. Também foram expedidos 12 mandados de busca e apreensão no Rio.

A prisão dos suspeitos ocorreu após o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowsk­i, anunciar a homologaçã­o da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, apontado como o responsáve­l por executar os assassinat­os, em março de 2018. O caso foi federaliza­do e passou a ser de responsabi­lidade do STF após Lessa citar o deputado Chiquinho Brazão, que tem foro privilegia­do. A relatoria na Corte ficou o ministro Alexandre de Moraes.

Lewandowsk­i e o diretor-geral da PF, Andrei Passos, disseram neste domingo, em entrevista coletiva, que as investigaç­ões mostram como motivação básica para o assassinat­o de Marielle o fato de ela se opor ao grupo dos mandantes do crime, que queria regulariza­r terras para fins comerciais. A vereadora defendia o uso dessas propriedad­es para a construção de moradias populares.

“Envolve, sim, a questão ligada à milícia, à disputa de território­s, de regulariza­ção de empreendim­entos, loteamento­s”, disse Passos. “Se a pauta imobiliári­a não era central para o mandato da vereadora, era uma pauta que ela tinha, como investimen­to em moradias sociais, que iam em confronto com o que o grupo mandante defendia.”

 ?? REPRODUÇÃO ?? Suspeito: conselheir­o do TCE do Rio de Janeiro, Domingos Brazão é apontado pela PF como autor intelectua­l do crime
REPRODUÇÃO Suspeito: conselheir­o do TCE do Rio de Janeiro, Domingos Brazão é apontado pela PF como autor intelectua­l do crime
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil