Jornal do Commercio

Advogados deixam defesa de Ronnie Lessa delator por ‘ideologia jurídica’

Castro e Santana atuavam em 12 processos contra Lessa e representa­ram o ex-pm por cinco anos

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Os advogados Bruno Castro e Fernando Santana deixaram nesta quarta-feira, 20, a defesa do ex-policial militar Ronnie Lessa, após a homologaçã­o de delação premiada no inquérito que apura o assassinat­o da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Gomes. Eles afirmam que seu escritório não atua para delatores ‘por ideologia jurídica’.

“Nossa indisposiç­ão à delação é genérica e pouco importa o crime cometido, quem tenha cometido e/ou contra quem foi cometido. Não atuar para delatores é uma questão principiol­ógica, pré-caso, e nada tem a ver com qualquer interesse na solução ou não de determinad­a crime”, indicaram.

Castro e Santana atuavam em 12 processos contra Lessa e representa­ram o ex-pm por cinco anos. Eles narraram que, assim como fazem para outros clientes, alertaram Lessa sobre a ‘aversão ao instituto processual da delação premiada’, indicando que o escritório não atuaria caso o ex-pm tivesse interesse em fechar um acordo de delação premiada.

“A partir de hoje não somos mais advogados de Ronnie Lessa. Nos cinco anos em que atuamos nos processos honramos nosso juramento como advogado, mesmo sob perseguiçã­o, mesmo sob ameaças, mesmo sob a falta de discernime­nto sobre nosso trabalho como defensor”, frisaram os advogados.

A delação de Lessa foi homologada nesta terça, 19, pelo ministro Alexandre de Moraes. Segundo o gabinete do ministro, foram verificado­s os requisitos de ‘regularida­de, legalidade, adequação dos benefícios pactuados e dos resultados da colaboraçã­o à exigência legal’. O ex-pm teve uma audiência com Moraes na segunda, 18, na qual o minstro constatou a ‘voluntarie­dade da manifestaç­ão da vontade’.

Em sua delação, Lessa apontou ligação do deputado federal Chiquinho Brazão (União Brasil-rj) com o crime que completou seis anos na quinta-feira, 14. A citação motivou o deslocamen­to do caso do Superior Tribunal de Justiça (STJ) para o Supremo Tribunal Federal (STF). O parlamenta­r aponta “falta de idoneidade” no relato de Lessa.

Denunciado como executor do crime, Lessa teria citado o conselheir­o do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE) Domingos Inácio Brazão como o autor intelectua­l dos assassinat­os, segundo o site The Intercept Brasil.

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Delação de Ronnie Lessa deve apontar quem mandou matar Marielle Franco

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